Antiga presidente da Glória Portuguesa é suspeita de abuso de confiança e falsificação de documentos. Sessão em tribunal revelou algo mais.
A Glória Portuguesa é uma associação de socorros mútuos com sede no Porto, conhecida na cidade (e não só).
Em Março de 2020 passou a ser liderada por Isabel Silva, que tem tentado revitalizar a instituição.
Isabel Silva é a sucessora de uma problemática Ricardina Ribeiro, que foi afastada da presidência há pouco mais de quatro anos.
Ricardina é acusada de abuso de confiança e falsificação de documentos, relacionados com uma verba de 224 mil euros.
No entanto, a sessão desta terça-feira no tribunal revelou que as contas são outras.
Segundo o Jornal de Notícias, que os relatórios de contas da instituição apresentam um “Fundo Permanente” de 4 milhões de euros — que está, afinal, vazio. Nem um euro.
Foi a versão apresentada pela contabilista da associação no tribunal. A funcionária acreditava nos documentos que a presidente anterior mostrava e, com base nisso, ajudava a elaborar os relatórios anuais.
Nunca desconfiou de crime, até porque viu “verbas” documentadas, que aparentemente justificam o tal fundo com 4 milhões de euros e que passavam de “um exercício para o outro”.
No entanto, a contabilista admitiu em tribunal que nunca viu os extractos bancários. Por isso, não sabia a real movimentação do fundo.
A funcionária recordou a assembleia de 2019, na qual foi descoberto o “buraco” financeiro. Na altura, conta, Ricardina Ribeiro não respondeu às dúvidas e deixou a assembleia muito enervada. E nunca mais apareceu.
“Quando foi confrontada pelo desvio de dinheiro, na assembleia-geral da associação, ela ficou toda atrapalhada e ‘fugiu’ dali sem dar qualquer explicação”, conta uma testemunha no processo em que a antiga presidente da associação responde pelo desvio de 224 mil euros da instituição, citada pelo CM.
“Ela saiu da reunião e meteu baixa, não se demitiu, nem nunca fez um pedido de desculpas”, disse a testemunha, lembrando ainda que a Ricardina Ribeiro nunca justificou nada a ninguém.
Na primeira sessão do julgamento, Ricardina Ribeiro já tinha admitido que tinha transferido dinheiro da associação Glória Portuguesa para contas pessoais. Era tudo para “facilitar” na administração da instituição e “nunca” para proveito próprio, assegurou.
Mas desapareceram como, foram-se embora sem dizer para onde iam?