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Central nuclear de Almaraz vai ser desmantelada

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Ministerio del Interior / Flickr

Central Nuclear de Almaraz, em Cáceres

Espanha anunciou o início do processo de desmantelamento da central nuclear de Almaraz. Há muitos anos que se luta pelo encerramento desta central – que constitui um perigo não só para Espanha como também para Portugal.

A empresa pública espanhola Enresa (responsável pela gestão dos resíduos radioativos) anunciou o início do processo de concurso para serviços de engenharia destinados ao desmantelamento da central nuclear de Almaraz, situada na província de Cáceres.

De acordo com o programa de operação e desmantelamento de instalações nucleares em Espanha, incluído no VII Plano Geral de Resíduos Radioativos, as datas de cessação de funcionamento das Unidades I e II de Almaraz estão previstas para novembro de 2027 e outubro de 2028, respetivamente.

Segundo notícia a EFE, a partir destas datas, será aberto um prazo de três anos para realizar a transferência de propriedade da central, atualmente nas mãos da Iberdrola (53%), Endesa (36%) e Naturgy (11%) para a Enresa, para tratar de aspetos do desmantelamento, cujo prazo decorre nos 10 anos seguintes, ou seja, entre 2030 e 2041.

Alívio para Portugal

A central de Almaraz está situada junto ao rio Tejo, em Cáceres, que faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.

Em operação desde 1981 (comercial desde 1983), a central está implantada numa zona de risco sísmico e apenas a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.

Esta central nuclear sempre foi motivo de preocupação para Portugal, nomeadamente para os distritos de Portalegre e Castelo Branco.

Em 2020, um série de acidentes em Almaraz motivou protestos da Câmara de Castelo Branco, que exigiu ao Governo português uma intervenção junto do Estado espanhol e das instituições europeias para o encerramento definitivo da central nuclear espanhola de Almaraz.

Em julho desse ano, o governo espanhol renovou a licença de exploração para os Grupos I e II da central de Almaraz, prorrogando-a até 1 de novembro de 2027, e 31 de outubro de 2028, respetivamente.

A central de Almaraz atingiu, em 2023, 17.000 gigawatts-hora (GWh) de produção bruta – o terceiro melhor valor histórico desde o início da sua operação comercial.

Espanha está no bom caminho

O Movimento Antinuclear Ibérico (MIA) manifestou satisfação com o anúncio do encerramento da central nuclear espanhola de Almaraz.

Em declarações à agência Lusa, José Janela, responsável da Quercus uma das associações que integra o MIA em Portugal, afirma que o anúncio “é um primeiro passo e que o governo de Espanha está a ir no bom caminho”.

O dia da vitória será quando os dois reatores deixarem de funcionar e é necessário que a central seja desmantelada com toda a segurança”, sintetizou.

O ambientalista salienta ainda que a Quercus e o MIA têm vindo a alertar para o perigo que a central nuclear de Almaraz constitui: “Não deveria ter sido prolongado o prazo de funcionamento e iremos todos continuar atentos a todo o processo”.

O MIA tem lutado há muitos anos pelo encerramento desta central nuclear “que constitui um perigo para Espanha e também para Portugal”.

O movimento espera que seja feito também um plano social para a reconversão profissional dos trabalhadores da central de Almaraz e que possam ser criados empregos verdes e dignos para todos.

ZAP // Lusa

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