/

“Baby Reindeer” fez história na Netflix (e agora é uma grande controvérsia na vida real)

“Baby Reindeer” entrou no Top 10 das séries mais vistas na história da Netflix e arrisca-se a ser uma das mais polémicas – até porque pode vir a custar milhões à plataforma de streaming.

Elogiada pela crítica e apreciada por milhões de subscritores da Netflix, “Baby Reindeer” (Bebé Rena em português) foi vista por mais de 85,5 milhões de espectadores e está no top 10 das séries mais vistas na plataforma.

A série chegou à Netflix em Abril deste ano, e é apresentada como uma história real sobre o comediante Donny Dunn (interpretado por Richard Gadd) que é assediado e perseguido por uma mulher mais velha, Martha Scott (papel protagonizado por Jessica Gunning).

Foi o próprio Richard Gadd quem escreveu a história para um espectáculo a solo, relatando aquilo que terá vivido e abordando temas complicados como o abuso sexual, a saúde mental e a identidade de género.

A série deixa também a ideia de que a linha entre vítima e abusador pode ser muito ténue – de resto, Donny Dunn revela uma empatia, e até um carinho, que pode parecer estranho pela mulher obesa que lhe torna a vida num inferno.

A verdadeira Martha de “Baby Reindeer”

Aquando do lançamento da série, Gadd chegou a pedir aos telespectadores para não especularem sobre as pessoas reais retratadas em “Baby Reindeer”. Mas os “detectives” da Internet rapidamente chegaram a Fiona Harvey que, então, deu a cara em várias entrevistas, assumindo-se como a verdadeira Martha.

Esta escocesa de 49 anos que é advogada, acusa a Netflix de ter promovido “uma mentira” para “atrair mais espectadores, ganhar mais atenção” e “mais dinheiro, “destruindo brutalmente” a sua vida.

Fiona garante que nunca perseguiu, nem agrediu sexualmente Gadd, e lamenta que tem sido alvo de “ódio” de todo o mundo pela forma como foi retratada na série.

A advogada já avançou com um processo contra a Netflix, pedindo uma indemnização de pelo menos 170 milhões de dólares (cerca de 156 milhões de euros) por danos morais.

Na queixa apresentada num tribunal dos EUA, Fiona alega que “Baby Reindeer” lhe causou “angústia mental” e que perdeu o “prazer de viver”, além de ter perdido trabalho.

Assim, acusa a Netflix de “difamação, imposição intencional de sofrimento emocional, negligência grave e violações do direito de publicidade”.

“Não sou uma stalker”

No processo entregue em tribunal, os advogados de Fiona pedem à Netflix a divulgação de milhares de mensagens de telemóvel e de emails que esta terá enviado a Gadd.

Na série, Donny Dunn recebe, diariamente, mensagens de Martha, em texto e em gravações áudio. Podem estar em causa mais de 40 mil e-mails e centenas de horas de mensagens de voz.

Em entrevista ao jornalista Piers Morgan no programa “Uncensored”, Fiona classificou a série como “uma obra de ficção, uma obra de hipérbole“, garantindo que nunca foi condenada por nenhum crime – na série, alega-se que ela teria sido condenada por stalking e que teria chegado a cumprir pena de prisão.

Não sou uma stalker, não fui para a prisão”, afirma a advogada, lamentando que a Netflix nunca a abordou para comentar a veracidade do que “Baby Reindeer” veicula.

Um porta-voz da Netflix já respondeu às alegações, via imprensa internacional, defendendo “o direito de Richard Gadd de contar a sua história”.

O comediante que faz dele próprio em “Baby Reindeer” nunca se referiu à identidade real da personagem Martha, salientando que a história “existe num reino ficcional” e que se quisesse “que as pessoas da vida real fossem encontradas, teria feito um documentário“.

Susana Valente, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.