A Guerra do Futuro não vai ser travada por soldados. Seguindo os passos da Ucrânia, Rússia e Estados Unidos, a NATO está a preparar o seu próprio exército de robôs militares autónomos.
A NATO adjudicou 9 milhões de euros à empresa alemã ARX Robotics para o desenvolvimento e fabrico de uma série de veículos terrestres blindados sem condutor.
O contrato é financiado através do Fundo de Investimento da NATO, um fundo de capital de risco independente de mil milhões de euros em que participam 24 dos 32 países membros.
A decisão surge após o Pentágono ter anunciado, o mês passado, o lançamento do programa Replicator, ambicioso programa que vai criar uma enorme frota de esquadrões de combate robotizados, replicáveis e de baixo custo, com que os EUA se preparam para mudar o futuro da guerra.
Acontece também menos de dois meses depois de a Humanidade ter assistido à primeira batalha entre robôs da História — que envolveu robôs terrestres russos não tripulados num combate contra drones “kamikaze” ucranianos.
Os novos robôs a desenvolver pela ARX não estarão armados e destinam-se a apoiar as forças militares terrestres em funções como o transporte, a evacuação médica e a utilização de drones. Cada robô é rastreado e pode ser equipado com uma variedade de tecnologias, tais como radar e dispositivos de rastreio de minas.
“Os exércitos das democracias ocidentais não estão preparados para a guerra robótica”, afirma Marc Wietfeld, diretor executivo e cofundador da ARX Robotics.
“Para melhorar significativamente as capacidades das nossas forças armadas e servir de multiplicador de forças, é necessária uma massa crítica interligada de sistemas terrestres autónomos não tripulados”, acrescenta Wietfeld, citado pelo jornal espanhol El Confidencial.
Qual será o aspeto dos robôs da NATO
Todos os robôs da ARX Robotic são modulares e construídos com componentes prontos a usar, o que os torna fáceis de modificar para desempenharem funções de ataque e defesa para a aliança.
O maior dos seus modelos é o GEREON, um tipo de veículo terrestre não tripulado (UGV) que pode transportar uma carga útil máxima de 500 kg.
Segundo a ARX Robotics, os robôs também podem ser facilmente configurados no campo de batalha numa questão de minutos. Podem comunicar através de software e inteligência artificial e são capazes de funcionar de forma autónoma, mas também podem ser controlados à distância, se necessário.
Até à data, a empresa alemã desenvolveu 12 robôs, que já foram testados pelos exércitos da Ucrânia, Alemanha, Áustria, Suíça e Hungria.
Os UGVs da ARX são relativamente acessíveis em comparação com os preços típicos da tecnologia de defesa. O custo dos seus robots varia entre 30.000 e 150.000 euros cada.
“Estes sistemas devem ser fáceis de fabricar de forma descentralizada e podem ser utilizados em massa. A ARX está empenhada em contribuir para a soberania tecnológica europeia, expandindo a produção destes sistemas, gerando sistemas definidos por software e desenvolvendo hardware adaptável para satisfazer a procura de sistemas não tripulados robustos e autónomos”, conclui Wietfeld.
Numa altura em que se discute em vários países da Europa e em Portugal a possibilidade de regresso ao Serviço Militar Obrigatório, incluindo para mulheres, parece ser mais simpático enviar para a frente de batalha robôs para combater as guerras que sejamos obrigados a travar.