Caso vençam as eleições, os Conservadores querem introduzir um esquema de serviço militar obrigatório para os jovens de 18 anos, que poderão trabalhar nas forças armadas ou fazer voluntariado em serviços públicos.
O Partido Conservador anunciou planos para reintroduzir doze meses de serviço militar obrigatório se ganhar as próximas eleições gerais, marcadas para daqui a dois meses. Esta iniciativa tem por objetivo proporcionar oportunidades aos jovens e promover um sentimento de unidade nacional.
De acordo com a proposta, os jovens de 18 anos poderiam escolher entre uma das 30 000 colocações militares a tempo inteiro ou fazer voluntariado um fim de semana por mês em funções de serviço comunitário. O primeiro-ministro Rishi Sunak acredita que o restabelecimento do serviço obrigatório reacenderá o “espírito nacional” que se viveu durante a pandemia.
A proposta, que deverá custar cerca de 2,5 mil milhões de libras, foi criticada pelo Partido Trabalhista como sendo “desesperada” e “sem financiamento”. Os porta-vozes do Partido Trabalhista argumentam que o plano faz lembrar a iniciativa “Big Society” do antigo primeiro-ministro David Cameron, de 2010, e manifestam preocupações quanto à viabilidade financeira e à eficácia do projeto.
O Partido Conservador prevê a participação do primeiro grupo de adolescentes num programa-piloto a partir de setembro de 2025, com uma Comissão Real encarregada de finalizar os pormenores. As colocações militares ofereceriam formação em áreas como a cibersegurança, a logística, as aquisições e as operações de resposta civil. O voluntariado não militar envolveria 25 dias de serviço em organizações como os bombeiros, a polícia e o Serviço Nacional de Saúde (NHS).
O primeiro-ministro Sunak enfatizou os benefícios do programa, afirmando: “Este é um grande país, mas gerações de jovens não tiveram as oportunidades ou a experiência que merecem, e há forças que tentam dividir a nossa sociedade neste mundo cada vez mais incerto. Vou introduzir um novo modelo de serviço nacional para criar um sentido partilhado de objectivos entre os nossos jovens e um renovado sentido de orgulho no nosso país”.
O chefe do Governo acrescentou que a iniciativa ajudaria os jovens a adquirir “competências do mundo real, a fazer coisas novas e a contribuir para a sua comunidade e para o nosso país”.
Os Conservadores argumentam que o serviço nacional proporcionaria uma experiência de trabalho valiosa e poderia inspirar futuras carreiras na área da saúde, serviço público, caridade ou forças armadas. Os pormenores sobre as possíveis sanções em caso de não participação ainda não são claros, mas o Ministro do Interior já garantiu que não haverá penas criminais e ninguém será preso.
O financiamento para o custo de 2,5 mil milhões de libras deverá provir da reafectação de 1,5 mil milhões de libras do Fundo para a Prosperidade Partilhada do Reino Unido, a partir de 2028, prevendo-se que mil milhões de libras adicionais provenham de medidas de combate à evasão fiscal, explica a BBC.
O plano foi objeto de críticas por parte de vários partidos políticos. O porta-voz do Partido Liberal Democrata para a Defesa, Richard Foord, acusou os Conservadores de hipocrisia, referindo os cortes efectuados no passado no número de tropas. Se os conservadores levassem a sério a defesa, reverteriam os cortes prejudiciais efectuados às nossas forças armadas profissionais de classe mundial”, afirmou.
Atualmente, não há pormenores sobre a forma como o plano se aplicaria à Irlanda do Norte, que nunca teve serviço militar obrigatório. O serviço nacional no Reino Unido foi originalmente introduzido em 1947 pelo executivo Trabalhista de Clement Attlee e terminou em 1960.