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Firme — mas vago. Pedro Nuno manda sinal a Israel

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Filipe Amorim / Lusa

O presidente do PS, Pedro Nuno Santos

Secretário-geral do PS bateu o pé e defendeu o reconhecimento “imediato” do Estado da Palestina. Faltou-lhe o “como” e o “qual”.

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, defendeu esta terça-feira que está na altura de Portugal reconhecer “de imediato” o Estado da Palestina, considerando que seria um “sinal político importante” e um contributo para a paz no Médio Oriente.

No arranque de um discurso num comício das europeias em Guimarães, Pedro Nuno Santos apontou para uma bandeira palestiniana que estava colocada numa varanda do largo no centro da cidade vimaranense.

“Neste momento difícil para a vida de todos os palestinianos é importante que nós sejamos coerentes. Se nós defendemos a existência de dois estados, nós não nos podemos ficar pelo reconhecimento de apenas um dos dois estados. Nós temos que reconhecer também de imediato o Estado da Palestina”, apelou.

Para o líder do PS, Portugal deve juntar-se a “Espanha e a outros países [como Noruega e Irlanda] que já o fizeram e já reconheceram o estado da Palestina”, sendo esta uma ação “contra a duplicidade moral”.

“É altura de Portugal dar esse passo, é um sinal político importante que devemos dar ao mundo, que devemos a Israel, é o contributo que nós podemos dar à paz no Médio Oriente”, defendeu.

O atual governo da Aliança Democrática (AD) rejeita, por enquanto, dar esse passo — uma posição reforçada pela Presidência.

O momento protagonizado pelo secretário-geral socialista levou até a uma ovação de pé dos presentes no comício ao ar livre, mas deixa algumas dúvidas essenciais para quem pensa duas vezes sobre as declarações do líder socialista.

Pontas soltas

Até esta terça-feira, o PS nunca assumiu uma posição concreta sobre o reconhecimento da Palestina.

Marta Temido, cabeça de lista do partido socialista às eleições para o Parlamento Europeu, nunca foi clara sobre o assunto. Já disse nesta fase de campanha que Portugal não pode reconhecer a Palestina sozinho, mas com alguma timidez confessou, por outro lado, que o país “provavelmente”, também não pode esperar que “todos se juntem”.

O PS andou de pé atrás até agora, considerando sempre que Portugal devia esperar por mais países. Mas Pedro Nuno veio agora firmemente mostrar as claras intenções do PS. Ter-se-á esquecido, no entanto, de esclarecer a posição do partido em relação a algumas questões fundamentais em redor deste tópico tão sensível.

Afinal, “que Estado da Palestina é esse que [Pedro Nuno] pretende reconhecer de imediato?”, avança Miguel Pinheiro na rádio Observador: “É a Cisjordânia e a Faixa de Gaza? E se for, vai reconhecer um Estado que tem uma parte significativa do seu território controlado por uma organização terrorista?”, questiona.

“E se o Hamas tomar conta da Cisjordânia toda como já fez em Gaza? Pedro Nuno vai sentar-se com os seus líderes terroristas como representantes legítimos do Estado? Pedro Nuno devia explicar detalhadamente as consequências daquilo que defende“, acredita.

“Se há coisa que não devia ser apresentada assim num período de campanha são questões sérias como esta. O PS deve estar a pensar: ‘como é que vou buscar os votos que estão a ir para o Livre, PCP e Bloco’?”, desabafa.

Tomás Guimarães, ZAP //

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2 Comments

  1. Não há a mais pequena duvida de que os políticos são todos (sem exceção) um grandessíssimo monte de m…!
    O ps esteve no governo 29 anos e só agora querem reconhecer o estado da Palestina de IMEDIATO???
    Que lástima…

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