África é uma “situação sem precedentes e que se agrava de dia para dia!”

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Continente africano atravessa uma crise humanitária (ainda) pior. Aqui ocorrem metade das deslocações forçadas no mundo.

África já é um continente habituado a crises humanitárias. Faltam recursos, falta dinheiro, faltam apoios. Falta atenção.

O continente africano atravessa uma crise humanitária (ainda) pior do que as anteriores. Aqui vão ocorrer metade das deslocações forçadas no mundo, até ao final deste ano.

Serão mais de 65 milhões de africanos a terem de sair de sua casa para procurar protecção e assistência humanitária; é 49% do total de pessoas deslocadas no mundo.

É uma situação sem precedentes e que se agrava de dia para dia!“, começa por avisar Joana Feliciano, da Portugal com ACNUR, parceiro nacional da Agência da ONU para os Refugiados.

“Os muitos conflitos e situações de violência armada que eclodiram ao longo da última década no continente e o crescente impacto das alterações climáticas obrigaram todas estas pessoas e as suas famílias a deixar tudo para trás”, explica Joana.

Há zonas mais delicadas: Sudão, Etiópia, Somália e República Democrática do Congo. Todas com conflitos internos e todas com cheias e secas provocadas pelas alterações climáticas.

“Do Sahel ao Corno de África, sem esquecer as regiões do Centro e Sul do continente, tanto as pessoas deslocadas como as comunidades de acolhimento vivem numa situação limite. Novos conflitos, uma maior competição pelos recursos devido aos efeitos das alterações climáticas, a pobreza e a inflação estão a fazer escalar as necessidades humanitárias”, avisou a responsável pela Portugal com ACNUR.

Há situações de emergência na República Democrática do Congo e em Moçambique. Deslocações prolongadas e migrações mistas provenientes da África Subsariana.

Na África Ocidental e Central, a instabilidade política e os conflitos armados devem aumentar 9% o número de pessoas deslocadas à força e apátridas.

Já no Norte do continente, o aumento é sobretudo resultado das catástrofes naturais em Marrocos e na Líbia, e da guerra civil no Sudão – que levou os refugiados a fugirem para o Egipto.

O Sudão é um país em especial crise humanitária: só no último ano, registaram-se quase 9 milhões de deslocados à força. A guerra que começou há um ano não pára.

A preocupação também se fala em português: em Moçambique, o escalar da violência armada no final do ano passado provocou uma nova vaga de deslocações forçadas, com cerca de 113 mil pessoas a verem-se obrigadas a fugir e deixar tudo para trás. Ao todo, são mais de 800 mil deslocados em Moçambique.

Na República Democrática do Congo, a violência está a chegar a níveis devastadores. Nos últimos dois anos de conflito, mais de de 1,3 milhões de pessoas fugiram de casa. Já são quase 6 milhões os deslocados internos.

E há um cenário ainda mais preocupante: muitos destes deslocados africanos são repetentes, passam por esta situação de fuga mais do que uma vez. Fogem de uma guerra e, no novo país, são afectados por fenómeno climático extremo e ficam outra vez sem nada.

Voltando às questões monetárias, era preciso muito mais dinheiro para financiar as operações de ajuda, alerta o ACNUR. Etiópia e Sudão do Sul são dos países mais preocupantes, com milhões de deslocados, escassez de alimentos, insegurança contínua e consequências das alterações climáticas.

ZAP //

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1 Comment

  1. Ninguém no mundo (Europa e USA) está minimamente preocupado. Está tudo focado na defesa e sobrevivência do grupo terrorista Hamas. Nem piscaram de preocupação do putin iniciar exercícios nucleares junto a Ucrânia, como iam se preocupar com o que se passa no continente africano. Afinal são maiores e independentes, certo? Querem e escolheram serem parceiros da Russia e China. Vivam com as suas decisões

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