Apesar de uma decisão judicial recente nas Filipinas ter revogado a autorização para o cultivo de arroz dourado geneticamente modificado, os agricultores poderão continuar a produzi-lo enquanto o governo contesta a decisão.
O arroz dourado começou a ser desenvolvido, na década de 1980, para combater a deficiência de vitamina A – uma das principais causas de invalidez e morte em todo o mundo.
Estima-se que, todos os anos, meio milhão de crianças fiquem cegas, metade das acaba por morrer, em menos de um ano, devido à carência deste composto.
Como escreve a New Scientist, desde a sua introdução, o arroz ajudou a mitigar problemas de saúde significativos nas Filipinas – onde 1 em cada 6 crianças com menos de 5 anos sofre de deficiência de vitamina A.
A incorporação de beta-caroteno no arroz – um pigmento cor-de-laranja, presente em legumes como as cenouras, que é convertido em vitamina pelo organismo – é um dos pontos-chave da indústria.
Em 2021, as Filipinas tornaram-se o primeiro país a aprovar o cultivo dessa variedade – conhecida também como “malusog” – que foi declarado seguro para consumo em países como EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
O crescimento e o consumo do arroz são promovidos pelo Philippine Rice Research Institute, uma entidade governamental. No entanto, esta inovação enfrenta também uma forte oposição de grupos ambientalistas como o Greenpeace Southeast Asia.
A 17 de abril, o Tribunal de Recurso das Filipinas revogou a autorização para o arroz dourado, precisamente, na sequência de um processo apresentado pela Greenpeace.
“Esta decisão é uma vitória monumental para os agricultores filipinos e para o povo filipino, que há décadas se tem manifestado contra as culturas geneticamente modificadas (GM)”, afirmou em comunicado Wilhelmina Pelegrina, ativista da Greenpeace, citada pela New Scientist.
Com uma visão contrária, Adrian Dubock, membro do Conselho Humanitário do Arroz Dourado, diz que a decisão do tribunal se baseia em erros técnicos cometidos durante o processo de aprovação, estando convicto de que o governo filipino vai ganhar o recurso.
Dubock espera que estudos futuros reforcem os benefícios do arroz dourado e e que os resultados incentivem a adoção do arroz dourado em mais países, onde se há carência de vitamina A.
