50 anos de democracia e (só) 7 mulheres no topo da política

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Maria de Lourdes Pintassilgo, Assunção Esteves, Manuela Ferreira Leite, Catarina Martins, Assunção Cristas, Inês de Sousa Real e Mariana Mortágua. 50 anos de democracia e (apenas) sete mulheres chegaram topo da política.

50 anos depois do 25 de Abril, a democracia levou duas mulheres aos lugares cimeiros do Estado, como primeira-ministra e presidente do parlamento, e cinco às lideranças de partidos políticos, estando duas hoje em funções.

À mais alta hierarquia do Estado chegaram Maria de Lourdes Pintassilgo, nomeada primeira-ministra do V Governo Constitucional, em 1979, e Assunção Esteves, eleita presidente da Assembleia da República em 2011.

Os dedos de uma mão contam aquelas que alcançaram a liderança dos partidos com representação parlamentar: Manuela Ferreira Leite foi a primeira, em 2008, presidindo ao PSD; Catarina Martins começou por ter a coordenação do Bloco de Esquerda (BE) num modelo paritário, com João Semedo, e depois seguiu a solo; e a lista fica completa com Assunção Cristas, que liderou o CDS-PP, Inês de Sousa Real, à frente do PAN, e Mariana Mortágua, atual coordenadora do BE.

Quando Mariana Mortágua substituiu Catarina Martins, em 2023, o BE tornou-se o único partido português em que uma mulher sucedeu a outra na liderança.

Conservadorismo dos dois lados

“Há um conservadorismo transversal à esquerda e à direita na sociedade portuguesa, esse conservadorismo tem expressões ideológicas e propositivas muito diferentes à direita e à esquerda, mas não deixa de existir à esquerda e à direita. Em ambos os espetros há um problema de representação de mulheres, e tanto à esquerda como à direita houve rejeição das quotas”, defendeu à Lusa Mariana Mortágua sobre a lei da paridade aprovada em 2006 e que teve a objeção do PCP.

Para a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, parte destes problemas resolvem-se com alterações à lei, que o partido vai propor, “para assegurar paridade nos lugares cimeiros”, sublinhando que “mais de 70% do eleitorado do PAN são mulheres” e que o partido candidatou a Lisboa, Porto e Setúbal listas lideradas por mulheres.

A líder do PAN aponta também para outros preconceitos ligados aos papéis de género, que, considera, aumentam a probabilidade de uma mulher ser insultada, julgada pela sua aparência ou até ameaçada de morte nas redes sociais, como lhe aconteceu recentemente, um caso que vai seguir para julgamento.

Mariana Mortágua considera que há uma “tendência para que os políticos sejam avaliados mais pela suas características pessoais, o que afeta homens e mulheres, trazendo para a política um tipo de avaliação que era exclusiva das mulheres”, mas recai sobre elas “um escrutínio diferente”, sobre “roupa e aparência, e sobretudo, na atitude, em que continua a não ser admitido às mulheres agressividade”.

Mulher “Primeiro-Ministro”

Na história de Portugal, apenas uma mulher chefiou o Governo.

Maria de Lourdes Pintassilgo fê-lo por nomeação do Presidente da República Ramalho Eanes – numa uma possibilidade constitucional que já não existe.

Durante cinco meses liderou 18 ministros, todos homens.

“Presidenta” da Assembleia

Em junho de 2011, depois de Fernando Nobre ter falhado a eleição, o PSD avançou com o nome de Assunção Esteves, que se tornou a primeira mulher a presidir à Assembleia da República, e até agora a única.

Assunção Esteves era a Presidente da Assembleia nos 40 anos do 25 de abril.

Nesse dia, Assunção Esteves dedicou a sua eleição “a todas as mulheres, às mulheres políticas que trazem para o espaço público o valor da entrega e a matriz do amor, mas sobretudo às mulheres anónimas e oprimidas”, e prometeu fazer “de cada dia um esforço para a redenção histórica” da circunstância dessas mulheres.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. Proponho lei da paridade também noutras funções: na construção civil, na recolha e tratamento de resíduos, na condução de mercadorias e bens, nos babysitter (é preciso homens), na aeronáutica (pilot@s), na manutenção e construção automóvel, nas forças armadas, nomeadamente em missões da NATO e nas frentes de combate… Entre muitas outras.

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