Pequenas empresas fazem-no nos EUA para evitar rotatividade dos empregados e têm visto retornos positivos nos investimentos até 425%. Alguns cobram menos de dois euros por hora para cuidar de uma criança.
Para os pais, às vezes, já é difícil encontrar uma creche. Pagá-la consistentemente torna-se ainda mais complicado.
Em Portugal, este é um problema com anos de vida. Sem vagas no setor social, os pais viram-se para o dispendioso setor privado, enquanto o Governo vai tentando abrir lugares nas creches públicas — onde conseguir lugar se mantém “um drama nacional”. Mas não é só em Portugal.
Perante anuidades que atingem mais de nove mil euros — um dos sistemas mais caros entre os países desenvolvidos — alguns progenitores norte-americanos lutam diariamente para obter serviços de cuidado infantil que possam realmente pagar.
Em média, um casal com dois filhos gasta mais de 30% do seu rendimento em cuidados infantis, segundo um relatório de 22 de fevereiro do Bank of America. Só a Nova Zelândia tem um sistema de cuidado infantil mais caro do que os EUA, numa lista em que Portugal consta bem posicionado, em 24º lugar de 30 países analisados, de acordo com os dados da OCDE.
Ficar em casa a cuidar das crianças acaba por ser, muitas vezes, a única solução: um último recurso que fere tanto os empregados como os empregadores.
Agora, algumas pequenas empresas dos EUA estão a tentar ajudar e, ao mesmo tempo, evitar a rotatividade dos empregados.
Creche… no café
Estabelecimentos como cafés e restaurantes começaram a fornecer serviços de cuidado infantil no local de trabalho para reter os seus empregados.
“É simplesmente incrível. Não sei o que faríamos sem ela [a creche],” confessa um pai que trabalha num café na Virginia, ao The Wall Street Journal.
O jovem de 31 anos chegou mesmo a ver-se forçado a abandonar o emprego devido ao longo trajeto que tinha de percorrer para levar o filho à creche; agora, pôde regressar ao mesmo emprego, uma vez que “ele está logo na porta ao lado”, numa instalação do próprio café, que cobra, por hora, apenas dois dólares (1,84€) por criança. “O nosso filho adora e eu nunca me preocupo com ele”, disse ao jornal.
Estratégia benéfica para os dois lados
As empresas que adotaram a medida inovadora — ou que, pelo menos, oferecem subsídios que cobrem os gastos de cuidado infantil — viram um aumento no recrutamento e retenção de empregados que dizem compensar tais custos, segundo um relatório da Moms First, uma organização que sai em defesa de políticas empresariais que apoiem pais empregados.
Empresas envolvidas no estudo viram retornos positivos nos investimentos até 425% através da oferta de cuidados infantis, de acordo com citação do Business Insider. Com cuidados infantis fiáveis e acessíveis, 86% dos pais trabalhadores estavam mais propensos a permanecer na empresa. Também foram mais produtivos e reduziram suas ausências no trabalho por uma média de 16 dias por ano.
Ao mesmo tempo, para o empregado, o serviço fornecido pela empresa aumenta o potencial de ganhos e progressão de carreira, de acordo com o mesmo estudo. Entre os empregados, 78% disseram que o apoio aos cuidados infantis tem um impacto positivo nas suas carreiras. A maioria, segundo o estudo, disse sentir-se mais feliz e satisfeita no trabalho.
Isto já Alves da Silva fazia quando criou a CUF nos princípios do século XX…!