Se for para “mudar o país”, IL pode juntar-se a Montenegro, mas a maioria dos conselheiros nacionais opõe-se à solução governativa. “Se houver escândalos, vamos de arrasto”, ouviu-se no Conselho Nacional deste domingo.
A Iniciativa Liberal mostrou-se disponível para integrar o próximo governo, caso chegue o convite de Luís Montenegro, mas evitou confirmar se já decorrem negociações com esse objetivo.
Aberto a várias possibilidades governativas, o presidente dos liberais confessou a possibilidade de aceitar tal convite, mas ouviu as palavras duras da maioria dos conselheiros nacionais, que discordam da solução governativa ao lado da AD.
“A Aliança Democrática vai-nos dar o abraço de urso”, ouviu-se este domingo em Coimbra, de acordo com relatos obtidos pelo Público. “Estamos perante um governo a prazo”, “se houver escândalos, vamos de arrasto”.
“Devemos estar disponíveis”
Foi durante a manhã que Rui Rocha deixou claro que está aberto a várias possibilidades, mas quem venceu as eleições é que tem a responsabilidade de definir o futuro.
“A Iniciativa Liberal assume as suas responsabilidades, decorrentes dos resultados eleitorais de 10 de março, não excluindo nenhuma possibilidade”, declarou aos jornalistas em Coimbra.
“A IL deve estar disponível para os cenários de transformação do país (…) se mudar o país for mais útil no Parlamento, cá estamos, se houver outros cenários — que cabe a quem ganhou as eleições discutir — também devemos estar disponíveis para ouvir e participar nessa discussão”, disse Rui Rocha em Conselho Nacional do partido numa reunião que durou mais de 10 horas.
Sem avançar se já foi ou não contactado pelo presidente do PSD, o líder da IL, que elegeu oito deputados nestas últimas eleições, os mesmos que em 2022, garante que mantém as exigências. E teve o cuidado de manter a “prudência e recato”.
“Com sentido de responsabilidade, há partes destas matérias que têm de ser geridas com prudência, com recato. Não é o momento de estarmos a partilhar esse tipo de questões publicamente, faremos uma posição logo que seja claro o sentido final da composição política dos próximos tempos. Partilharemos a nossa visão sobre isso, mas, neste momento, é o momento do sentido de responsabilidade e recato. As coisas, obviamente, têm de correr no tempo certo, no contexto certo, e nós contribuiremos para isso”, disse Rui Rocha.
IL “deixou de ser cool”
Na ordem de trabalhos deste domingo estava também a “análise aos resultados das eleições legislativas” — uma discussão que também aqueceu com a intervenção de Rafael Corte Real.
Apesar de admitir que não foi uma “derrota estrondosa” não chegar aos 12 deputados como estava definido, o liberal, que integrou a comissão executiva do ex-líder João Cotrim Figueiredo, atira: a IL “não cumpriu os objetivos eleitorais e, pior do que isso, ficou à vista de todos a estagnação total do partido que, neste momento, não serve para nada, deixou de ser ‘cool’ e está a perder gás em alguns centros urbanos”
“A responsabilidade deste mau resultado é coletiva, da comissão executiva e, particularmente, de quem fez com que não disputássemos estas eleições com João Cotrim Figueiredo por razões de tática política interna”, atirou, pouco antes de abordar o caso Carla Castro, ex-candidata à liderança do partido que recusou entrar nas listas, decisão que tomou num contexto de afastamento e divergências do partido.
“Valeu a pena colocar interesses de um núcleo duro à frente dos interesses do partido? Valeu a pena desprezar metade do partido que apoiou outra solução na última convenção eletiva? Valeu a pena preterir o nome de Carla Castro na lista de Lisboa? Valeu a pena reduzir este partido a uma seita, composta por indefetíveis?“, questionou Rafael Corte Real.
Ainda sobre as próximas eleições ao Parlamento Europeu, reiterou que por enquanto o partido deve avançar com a candidatura própria,isto é, com Cotrim Figueiredo como cabeça de lista.
Que gata fazem à AD? Não fazem uma maioria parlamentar! Só com o Chega faria sentido… Enfim…