Glaciar da Antártida racha a uma velocidade recorde

NASA Earth Observatory, por Joshua Stevens

Os cientistas acreditam ter provas da fissura mais rápida alguma vez registada numa manto de gelo. Situa-se na Antártida.

A fenda de 10,5 quilómetros formou-se através de uma camada de gelo da Antártida a uma velocidade de 35 metros por segundo.

Os investigadores da Universidade de Washington observaram a fissura relâmpago surgir em 2012 na Plataforma de Gelo do Glaciar Pine Island — o glaciar que derrete mais rapidamente na Antártida, o que representa cerca de 25% da perda de gelo da Antártida.

As observações foram efetuadas utilizando dados de instrumentos colocados na plataforma de gelo por outros investigadores e observações de radar de satélites.

“Este é, tanto quanto sabemos, o evento de abertura de fendas mais rápido alguma vez observado“, afirmou Stephanie Olinger, autora principal do estudo.

Outras fendas na Antártida podem formar-se ao longo de meses ou anos. No entanto, como mostra este estudo, publicado na revista AGU Advances, também podem ocorrer em momentos exatos, especialmente nas zonas mais vulneráveis da Antártida.

“Isto mostra que, em determinadas circunstâncias, uma plataforma de gelo pode partir-se. Diz-nos que temos de estar atentos a este tipo de comportamento no futuro e informa-nos sobre a forma como podemos descrever estas fraturas em modelos de camadas de gelo em grande escala”, explicou Olinger.

Os cientistas querem compreender a física, no que diz respeito à forma como os glaciares se partem, sobretudo porque as alterações climáticas deverão provocar o degelo dos mantos de gelo da Antártida e aumentar a frequência dos eventos de abertura de fendas.

Olinger et al./AGU Advances

Embora o novo estudo sugira que o gelo pode partir-se como vidro partido, os investigadores acreditam que a fenda se teria formado ainda mais rapidamente se o gelo se comportasse como um material simples e quebradiço.

“A formação de fissuras é mais parecida com a quebra de vidro ou com a desintegração de um boneco de peluche? Era essa a questão. Os nossos cálculos para este evento mostram que é muito mais parecido com a quebra de vidro“, disse Olinger

“Antes de podermos melhorar o desempenho dos modelos de camadas de gelo em grande escala e as projeções da futura subida do nível do mar, temos de ter uma boa compreensão, baseada na física, dos muitos processos diferentes que influenciam a estabilidade das plataformas de gelo”, acrescentou.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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