O Global Media Group (GMG) informou, esta quinta-feira, os trabalhadores de que não tem condições para pagar os salários referentes ao mês de dezembro, sublinhando que a situação financeira é “extremamente grave” e que não pode comprometer-se com datas.
Depois de semanas de greves e protestos contra a empresa, Global Media Group, que detém o Jornal de Notícias (JN), o Diário de Notícias (DN), a TSF e O Jogo, informou os trabalhadores que não vai pagar salários de dezembro.
“Apesar dos esforços desenvolvidos ao longo das últimas semanas no sentido de assegurar em tempo útil o processamento dos salários referentes ao mês de dezembro, a Comissão Executiva vê-se obrigada a informar todos os trabalhadores do Global Media Group não existirem, à data de hoje, condições que permitam o pagamento dos salários deste mês”, lê-se numa comunicação interna,
Segundo o mesmo documento, a que a Lusa teve acesso, a situação financeira do grupo é “extremamente grave”.
A empresa refere que não pode adiantar nem comprometer-se com qualquer data, para o pagamento dos salários de dezembro, podendo unicamente “garantir estar a fazer todos os esforços para que o atraso desse pagamento seja o menor possível”, pode ler-se.
A Administração do GMG abriu recentemente um programa de rescisões por mútuo acordo abrangendo 150 trabalhadores, justificado com a necessidade de “contrariar uma situação financeira muito complicada“.
No início do mês, o JN fez uma greve “a 100%” e o jornal não saiu nas bancas, 34 anos depois.
A redação do JN criou uma petição pública e a iniciativa “Somos JN“, com o objetivo de alertar para as consequências do despedimento coletivo no jornal, que entre a sede no Porto e a delegação de Lisboa tem cerca de 90 profissionais.
Na semana seguinte, a direção da TSF demitiu-se em bloco: Rui Gomes (diretor-geral) Rosália Amorim (diretora de informação) e Artur Cassiano (subdiretor) deixaram os respetivos cargos.
Também as direções do JN e d’O Jogo, apresentaram a demissão em bloco, 48 horas depois, devido à degradação das condições para o exercício do cargo perante as medidas anunciadas pelo Global Media Group.
A constante degradação das condições funcionais, tecnológicas e institucionais de exercício de funções, sustentou a decisão tomada pela direção.
As medidas anunciadas e em preparação para o JN e as suas revistas tornaram, assinala o CR, “por demais evidente o desalinhamento estratégico”, tendo conduzido à demissão de diretora Inês Cardoso, dos diretores-adjuntos Pedro Ivo Carvalho, Manuel Molinos e Rafael Barbosa, e do diretor de Arte, Pedro Pimentel.
Classe jornalística está unida
Jornalistas de todo o país estão a angariar dinheiro em solidariedade com os colegas dos meios de comunicação do Global Media Group, que trabalham a recibos verdes.
No texto enviado às redações, as delegadas sindicais do JN recordam “que os trabalhadores a recibos verdes que colaboram com o Jornal de Notícias e outros títulos do Global Media Group estão numa situação extremamente difícil”, já que até hoje também “ainda não receberam os pagamentos correspondentes ao mês de outubro”.
As delegadas sindicais salientam que na sequência das dificuldades enfrentadas, em especial, pelos trabalhadores a recibos verdes, foi feito “um apelo a toda a redação para que, dentro do possível, ajudasse”.
Manifestando “estupefação e comoção” com o gesto, foram recebidos “dezenas de contactos e doações de pessoas externas ao universo JN e Global Media Group”, o que, no seu entender, configura “uma mobilização do setor de que não há memória”.
“Além de um gesto solidário e de união ímpar, é também um sinal importante de que a classe está atenta e vigilante do que se passa nos grupos de Comunicação Social”, dizem.
“A luta de um é a luta de todos”, defendem, agradecendo a solidariedade dos camaradas de profissão.
ZAP // Lusa
Jornais pouco isentos e voz do dono não fazem cá falta, já deviam ter ido ao ar há muito tempo, são negativos para uma sociedade democrática