Já na Pré-História se consumiam cogumelos mágicos e ópio

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A análise de achados arqueológicos mostra que as pessoas têm consumido ópio, cogumelos “mágicos” e outras substâncias psicoativas há séculos – milénios, provavelmente – em várias regiões do planeta. No entanto, a sua utilização pode ter tido outros objetivos para além das propriedades alucinogéneas. 

Elisa Guerra-Doce, investigadora da Pré-História na Universidade de Valladolid, em Espanha, é a autora de uma nova revisão que analisa achados arqueológicos para trazer novas informações sobre o consumo destas substâncias.

Estudos anteriores da investigadora já tinham concluído que substâncias posicoativas eram usadas na Eurásia pré-Histórica, incluindo bebidas fermentadas.

O novo artigo de Elisa Guerra-Doce, publicado na Time and Mind: The Journal of Archaeology, Consciousness and Culture “junta novos dados relativos ao uso primitivo de plantas e bebidas fermentadas por todo o mundo”, descreve a investigadora ao Live Science.

No entanto, em alguns casos, os indícios sugerem que as plantas eram usadas, por exemplo, com fins estéticos, e não apenas pelas suas propriedades psicoativas.

Cogumelos mágicos e ópio

O uso de cogumelos alucinogéneos na Mesoamérica está documentado, graças à descoberta das chamadas “mushroom stones”, pequenas esculturas com formato semelhante aos fungos. Estas esculturas foram encontradas em vários sítios, datando entre 500 a.C. e 900 d.C., Guatemala, México, Honduras e El Salvador, de acordo com o artigo.

No entanto, para Guerra-Doce, não é claro por quanto tempo os cogumelos mágicos foram usados em África e na Europa, apesar de haver pictogramas semelhantes a cogumelos nas pinturas do mural pré-Histórico encontrado em Villar del Humo, em Cuenca, Espanha, podendo representar cogumelos alucinogéneos.

Já no que toca ao ópio, os indícios mais antigos do seu consumo na Europa vêm do Neolótico, nos achados de La Marmotta, Itália, que datam de mais de 6.000 a.C., aponta o estudo. “Existem indícios incontestáveis da exploração da planta pelas suas propriedades narcóticas”, escreve Guerra-Doce.

A domesticação da planta na Europa terá começado por volta dessa altura, a oeste do Mediterrâneo, tendo-se então espalhado para o noroeste da Europa até o fim desse milénio. Rastros de uma cápsula da papoila foram encontradas nos dentes de um esqueleto de um homem enterrado num local perto de Barcelona que data ao milénio 4.000 a.C., assim como indícios de opiácios encontrados nos ossos de outro homem no mesmo local.

A revisão sugere ainda que as pessoas têm vindo a mastigar folhas de uma planta chamada betel desde, pelo menos, 2660 a.C., de acordo com o estudo da espanhola. A planta contém químicos que têm propriedades estimulantes e que causam euforia, e é atualmente consumida na Ásia. Os investigadores encontraram restos de dentes humanos com manchas vermelhas características da planta nas Filipinas e no Vietname.

ZAP / Live Science

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