O desespero dos parisienses durante o cerco na guerra contra os protestantes levou a que fizessem pão usando ossadas humanas em vez de farinha.
Durante Guerras de Religião na França do século XVI, entre os católicos e os protestantes, Paris sofreu um cerco pelo Exército Real Francês liderado por Henrique de Navarra, mais tarde Henrique IV.
O objetivo do cerco era forçar a cidade a render-se impedindo a entrada de comida — uma estratégia que levou a que os parisienses esfomeados recorressem a medidas desesperadas.
Durante este período sombrio, Pierre de L’Estoile, um funcionário do Parlamento Francês, registou uma decisão aterradora tomada pelos parisienses. Com a escassez de alimentos, os cidadãos estavam a moer ossos do Cemitério dos Inocentes e fazer pão com esta “farinha” de ossadas humanas, escreve o Ancient Origins.
Este plano macabro foi executado, mas teve resultados trágicos. L’Estoile relata que aqueles que comeram este ‘pão de ossos’ encontraram a morte — não pela fome, mas pela solução que esperavam que os salvasse.
A causa da morte por consumo de “pão de ossos” permanece um mistério. Especula-se que substâncias tóxicas como o arsénio tenham contribuído para as mortes, mas há também quem aponte o mero o trauma psicológico causado pelo consumo de restos humanos como uma das causas.
Contudo, a explicação mais provável reside na inadequação nutricional e na natureza inorgânica dos ossos humanos. Os ossos são ricos em minerais como cálcio, mas carecem de nutrientes e calorias essenciais. Consumir ossos como fonte primária de alimento poderia levar a graves problemas digestivos, incluindo bloqueios intestinais, que numa população já enfraquecida, provaram ser fatais.
Interessantemente, no início do século XIX, a compreensão da riqueza mineral dos ossos mudou o seu uso. Após as Guerras Napoleónicas, os ossos dos soldados e cavalos caídos na Batalha de Waterloo foram recolhidos, moídos e usados como fertilizante, em reconhecimento ao seu rico conteúdo mineral.
Enquanto o conto trágico do pão de ossos de Paris permanece um capítulo sombrio, uma peculiaridade persiste na Inglaterra. Em Gloucestershire, emergiu um tipo de pão conhecido como ‘Bone Bread‘, nomeado assim não pelos seus ingredientes, mas pelos catadores de ossos ao longo do Rio Severn nos anos 1860.
Este pão, felizmente, não contém restos humanos, marcando um contraste acentuado com as medidas desesperadas dos parisienses do século XVI.