Consumo de crack em Portugal: primeira estimativa do país revela dados “preocupantes”

Dados do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) estimam que haja quase 39 mil consumidores da substância em território nacional em 2022. Consumo de cocaína a aumentar.

Foi elaborada recentemente a primeira estimativa dos consumidores de cocaína base/crack em Portugal, uma substância considerada muito mais potente do que a cocaína e altamente desreguladora. A conclusão é preocupante.

Os dados do SICAD estimam que haja quase 39 mil consumidores da substância em território nacional em 2022.

Os dados destacam ainda o ligeiro aumento do consumo destas substâncias entre as mulheres, um fator que não deve ser negligenciado nas estratégias de intervenção.

Dos 67 mil consumidores de cocaína em Portugal continental, 39 mil são consumidores de crack — uma tendência que também tem sido observada a nível europeu.

Um relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência indicou em Junho, segundo o Público, um aumento para o triplo do consumo de crack na Europa entre 2016 e 2021, com Portugal a reportar “aumentos consideráveis”.

“É muito importante termos conseguido fazer esta estimativa, porque embora exista uma sensibilidade no terreno (seja do tratamento, seja de quem trabalha na rua com esta população), sobre uma necessidade de intervenção, esta quantificação permite-nos ter maior noção de até que ponto é necessário adaptar respostas, criar serviços ou ter materiais disponíveis especificamente para este grupo de utilizadores”, diz, segundo o matutino, uma das investigadoras responsáveis pelos dados Ludmila Carapinha.

Para a investigadora, os dados são “preocupantes, porque a utilização do crack tende a ser particularmente desorganizada”, mas a informação agora disponível irá ajudar “a refletir se as respostas existentes são suficientes ou não”.

Cocaína a aumentar

A cocaína, por sua vez, é a “segunda droga ilícita mais consumida em Portugal”, com uma prevalência notória entre “subgrupos populacionais mais jovens, bem como em populações com problemas com a justiça”

Em 2021, a situação tornou-se mais alarmante. De acordo com os dados do SICAD, a cocaína esteve presente em metade das mortes por overdose registadas nesse ano.

O ano de 2021 foi marcado por 74 mortes por overdose relacionadas com drogas, sendo que 38 destas envolveram a cocaína — o número é mais alto desde 2009.

Outro aspeto preocupante é o consumo de drogas por via endovenosa, que aumenta a probabilidade de overdose e a propagação de doenças infecciosas. São estimados 7749 consumidores.

Por outro lado, o consumo de opiáceos, incluindo a heroína, mostra uma tendência de diminuição em Portugal. Em 2022, o número estimado de consumidores foi de 25.178, sendo a maioria do sexo masculino. No entanto, observou-se um ligeiro aumento no consumo entre mulheres.

ZAP //

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