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Boicote no futebol feminino. Jogadoras queixam-se de pagamentos incompletos

FIFA Women's World Cup/Facebook

Jamaicanas dizem não ter recebido os pagamentos “corretos e completos” pela participação no Mundial 2023

“Sentimos que é necessário tomar uma atitude tão drástica para pôr fim aos constantes maus tratos que recebemos da federação”. Alegam pagamentos incorretos e bónus prometidos também terão ficado por entregar.

As jogadoras da seleção feminina da Jamaica anunciaram o boicote de dois jogos da principal competição da CONCACAF, justificando com os “maus tratos constantes” da federação de futebol.

Khadija “Bunny” Shaw foi uma das jogadoras a publicar uma declaração na rede social Instagram no fim de semana, dizendo que as desportistas da seleção feminina não vão participar nos jogos de qualificação para a Gold Cup feminina da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas (CONCACAF) desta semana.

 

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“Embora esta tenha sido uma das decisões mais difíceis que tivemos de tomar, sentimos que é necessário tomar uma atitude tão drástica para pôr fim aos constantes maus tratos que recebemos da federação de futebol da Jamaica [JFF, na sigla inglesa]”, lê-se num comunicado das jogadoras.

O treinador interino, Xavier Gilbert, preparou à pressa uma equipa para o jogo de qualificação da Jamaica contra o Panamá na quarta-feira, em que as jamaicanas perderem por 2-1. Um segundo jogo contra a Guatemala, em Kingston, capital da Jamaica, está marcado para domingo.

Pagamentos do Mundial “incompletos e incorretos”

As desportistas afirmaram não ter recebido pagamentos “completos e corretos” pela participação no Mundial, no verão passado na Austrália e na Nova Zelândia, no qual a Jamaica chegou aos oitavos de final pela primeira vez, antes de perder com a Colômbia.

Além disso, as jogadoras afirmam que a JFF não pagou vários bónus pela qualificação para o mesmo torneio. A JFF, por outro lado, emitiu entretanto um comunicado afirmando que todas as dívidas com as jogadoras relativas a 2022 estão saldadas.

O único pagamento pendente era o de 20% do prémio da FIFA para o Mundial, sendo que as jogadoras não especificaram como os fundos deveriam ser distribuídos, mas esses pagamentos estão a ser processados, garantiu a federação. O organismo disse ainda que ainda não tinha recebido o pagamento total do prémio monetário da FIFA.

A FIFA anunciou antes do Mundial que cada jogadora que participasse no torneio receberia 30 mil dólares (28 mil euros). O montante subiu para 60 mil dólares (56 mil euros) para cada equipa que passasse da fase de grupos – não é claro se as jogadoras jamaicanas receberam esses pagamentos.

“Não poderíamos fazer o nosso trabalho”

Outra das queixas das futebolistas prende-se com o facto de não terem sido informadas sobre as mudanças de treinadores e de outros funcionários.

O treinador da seleção feminina, Lorne Donaldson, não renovou o contrato e a federação acabou por nomear Gilbert como interino. As jogadoras disseram que souberam que quem era o treinador pelas redes sociais três dias antes de se apresentarem para as eliminatórias da CONCACAF.

“Como sempre, é uma honra e um privilégio representar a Jamaica. O nosso trabalho é dar o melhor de nós e colocar todos os nossos esforços para representar o nosso país, deixando orgulhosos os nossos fãs, entes queridos em casa e na diáspora”, disseram as jogadoras. “Devido às circunstâncias atuais em que a federação de futebol da Jamaica nos colocou, não poderíamos fazer o nosso trabalho”, acrescentaram.

A relação com a federação está sob tensão há muito tempo, com as jogadoras a terem recorrido às redes sociais antes do Mundial para denunciar o que consideraram ser um apoio insuficiente.

Os apelos em relação ao salário e ao apoio financeiro deram origem a duas campanhas de ‘crowdfunding’ para ajudar a equipa a treinar e a pagar funcionários.

O jogo da Jamaica contra o Panamá na quarta-feira foi transferido do estádio universitário em Penonome para o estádio Rommel Fernandez, na Cidade do Panamá, devido aos protestos naquele país.

// Lusa

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