Documento destinava-se a informar os Reis Católicos sobre a sua viagem às “ilhas das Índias” — hoje Haiti e República Dominicana. é um dos 16 exemplares conhecidos até hoje.
Em 1493, um documento intitulado “De insulis nuper inventus” (“Das ilhas recém descobertas”), impresso em Roma, circulou por toda a Europa, tornando-se rapidamente um fenómeno mediático à época e assinalando um importante momento na história da Humanidade.
Traduzida para o latim a partir de uma missiva original em castelhano, era de autoria do explorador Cristovão Colombo e destinava-se a informar os Reis Católicos sobre a sua viagem às “ilhas das Índias” — hoje Haiti e República Dominicana.
Agora, uma das cópias raras da carta do importante documento histórico foi vendida em leilão pela casa Christie’s, em Nova Iorque, por 3,71 milhões de euros, avança o Público.
O exemplar leiloado encontrava-se numa biblioteca privada na Suíça há cerca de um século e é um dos 16 conhecidos até hoje. A Christie’s tomou medidas rigorosas para assegurar a legitimidade do documento, especialmente porque exemplares semelhantes já foram alvo de furto e posteriormente devolvidos a bibliotecas espanholas, italianas e até do Vaticano.
A venda desta carta não é apenas uma transação financeira significativa; a história contida nestas quatro folhas impressas é um legado misto de conquistas e questões controversas que continuam a ser objeto de estudo e debate até aos nossos dias.
Endereçada a Gabriel Sánchez, tesoureiro dos Reis Católicos Fernando e Isabel, o texto serviu como ferramenta de propaganda imperial.
O seu incrível alcance foi também potenciado pela inovação da prensa móvel de Gutenberg e a divulgação do documento alterou para sempre a perceção europeia sobre a geografia e as possibilidades do mundo conhecido, dando início a um dos primeiros frenesins mediáticos da História.
O documento toca em questões como a escravização em larga escala da população indígena da ilha, os Taínos — tanto para serem enviados para Espanha como para trabalhos forçados nas novas terras colonizadas — e também oferece descrições detalhadas sobre as ilhas descobertas e seus habitantes.
Especialistas, contudo, sugerem que o documento foi elaborado por editores da corte real espanhola, com base nos relatórios de Colombo. “De insulis nuper inventis” é para outros escrita em latim por Pedro Mártir de Anghiera, historiador do descobrimento e exploração das Américas pelos espanhóis.