Especialistas vão tratar as “doenças” da Igreja dos Jerónimos até fazer 500 anos

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Área com patologias a intervencionar no Mosteiro dos Jerónimos

Uma equipa de especialistas em conservação e restauro do património vai tratar das “doenças” da igreja dos Jerónimos até 2022, data em que o monumento mais visitado do país, com 2,5 milhões de entradas anuais, celebra 500 anos.

A intervenção – em curso desde 2013 – foi apresentada aos jornalistas por responsáveis da Direção-Geral do Património (DGPC) e da World Monuments Fund Portugal (WMF Portugal), que apoia o projeto científica e financeiramente.

“É um projeto de grande importância porque é fundamental a prevenção e a recuperação do património do país”, sublinhou o diretor-geral do Património, Nuno Vassallo e Silva, antes da visita às abóbadas que estão a ser intervencionadas.

O Plano de Conservação e Restauro das Abóbadas da Igreja do Mosteiro dos Jerónimos começou em 2012 e está estimado num total de dois milhões de euros, segundo a tutela, que considera o projeto “urgente”.

A igreja dos Jerónimos, com entrada livre, é o monumento mais visitado do país, com 2,5 milhões de entradas anuais, calculados pela DGCP com base nas entradas nos claustros (pagas), que em 2014 ascenderam a 807.845 visitantes.

No local, e após terem sido realizados estudos de investigação, os especialistas estão a tratar as “doenças” das pedras de Lioz usadas para construir o monumento há quase 500 anos, uma obra da responsabilidade de João de Castilho (1470-1552) que dirigiu a empreitada entre 1517 e 1522.

Foram definidas estratégias e metodologias de intervenção para tratar a degradação do monumento, um problema “recorrente” desde o século XIX, sobretudo devido à humidade e à poluição.

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Estaleiro de obra nos Jerónimos

Estaleiro de obra nos Jerónimos

De acordo com o arquiteto Delgado Rodrigues, da Comissão Científica da WMF, a última grande intervenção na igreja dos Jerónimos data dos anos 1960.

Depois de fazerem uma profunda limpeza dos vários tipos de pedra de Lioz, os especialistas tratam fissuras, fraturas, e desprendimento de fragmentos, num trabalho moroso que já foi terminado numa das abóbadas, na Sala da Torre Sineira e na nave da igreja.

“Cada centímetro quadrado é objeto de análise, desde as juntas, vão de janelas, zonas erodidas e os buracos são tapados para não deixar entrar poeiras e partículas. De seguida é feita uma harmonização cromática”, explicou aos jornalistas no topo dos andaimes, a 26 metros de altitude, no interior da igreja.

A DGPC estima que o restauro das abóbadas deverá estar concluído em maio deste ano, e terá um custo de 150 mil euros, financiado em dois terços pela WMF Portugal.

Questionado pela Lusa sobre se as várias fases das obras de restauro vão implicar o encerramento total ou parcial da igreja nalgum momento, o arquiteto respondeu que “não será necessário”.

Tudo está montado com segurança e de forma a manter as entradas do público. Estamos a pensar organizar visitas guiadas às obras“, indicou.

A DGPC estima que o restauro das abóbadas deverá estar concluído em maio deste ano, e terá um custo de 150 mil euros, financiado em dois terços pela WMF Portugal.

De acordo com Nuno Vassallo e Silva, além do apoio financeiro da WMF Portugal, os valores para a recuperação “serão retirados dos orçamentos da DGPC e de outros fundos que irão sendo recolhidos”.

Por seu turno, José Blanco, presidente da WMF Portugal, indicou que, para esta segunda fase de restauro – das dez previstas no interior e exterior do monumento – o apoio mecenático veio da Fundação Annenberg, nos Estados Unidos.

/Lusa

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