As famílias que optaram por soluções de curto prazo na primeira renegociação já estão novamente a sentir a pressão da subida dos juros e a precisar de voltar a reestruturar o crédito.
Face ao aumento inesperado nas taxas Euribor, várias famílias em Portugal enfrentam desafios financeiros significativos. Em muitos casos, o custo da prestação subiu cerca de 70%, levando muitas famílias a renegociar os seus créditos à habitação. Entretanto, algumas instituições bancárias têm resistido a essas renegociações.
Um levantamento realizado pelo Público em vários bancos revelou que algumas instituições oferecem alternativas como a transferência de crédito de taxa variável para taxa fixa. Outras propõem períodos de carência no pagamento de capital, limitados a 12 meses, e que por vezes cobrem apenas 50% do valor de capital a pagar.
As famílias que negociaram soluções de curto prazo, como carências de capital por 12 meses no início do ano, estão a sentir o peso das revisões de taxas recentes e há até casos em que já precisam de renegociar os contratos pela segunda vez.
A coordenadora do Gabinete de Protecção Financeira (GPF) da Deco, Natália Nunes, aponta que “há bancos que não facilitam o processo de renegociação e, em alguns casos, até prestam informação errada”, o que está a levar a que um maior número de famílias peça ajuda ao GPF.
Em resposta a este cenário, e na sequência de advertências sobre potenciais incumprimentos, o Governo planeia implementar novas medidas de apoio. Segundo o primeiro-ministro, estas medidas, que poderão incluir bonificações de juros e alterações nas ofertas de taxas fixas, serão definidas após a próxima reunião do Banco Central Europeu (BCE) a 14 de Setembro.
A Deco tem proposto várias soluções, incluindo o “congelamento” das prestações ou taxas de juro, bem como a criação de uma linha de crédito sem juros. Qualquer nova medida será voluntária e, assim como aconteceu com as moratórias durante a pandemia, o pagamento adiado será cobrado no futuro.
Relativamente à única medida de apoio directo atualmente em vigor, a bonificação de juros, espera-se um reforço. Contudo, o acesso a esta é limitado e apenas abrange famílias com rendimentos até ao sexto escalão de IRS.