Peregrinos preparam-se para noite diferente no Parque Tejo

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Carlos M. Almeida / Lusa/

Peregrinos da JMJ preparam-se para noite diferente no Parque Tejo

A noite de hoje “vai ser diferente” para Inês Figueiras, de 13 anos, que pela primeira vez vai dormir ao ar livre e estar com amigos e peregrinos estrangeiros, “mas também com Deus”, no Parque Tejo, em Lisboa.

A jovem Inês Figueiras integra um grupo de 35 pessoas da paróquia do Padrão da Légua, em Matosinhos, distrito do Porto, que ao final da manhã arrancou em peregrinação da estação do Oriente em direção ao Parque Tejo, para participar na vigília, um dos momentos centrais da JMJ, que termina este domingo.

De mochila e saco-cama às costas, Inês segue pela rua as orientações de Rita Vieira, solicitadora que tirou férias para coordenar estes jovens peregrinos, com idades entre os 13 e os 27 anos, e a participar nesta JMJ.

De bandeira portuguesa levantada, Rita contou à Lusa que, pelas 12:15, o dia já ia longo, porque o acordar foi às 06:00, em Corroios (Setúbal), e no momento, a metros do Altice Arena, só pretendia levantar o ‘kit’ alimentação a que os peregrinos inscritos têm direito, sentar-se à sombra e almoçar, para depois fazer o resto percurso – cerca de dois quilómetros e meio -, a pé, até ao Parque Tejo.

Uma garrafa de água, uma lata de salsichas, uma embalagem de atum, um pacote de leite, três pacotes de sumo, dois patés, um saco com fruta desidratada, cinco barras de cereais, uma embalagem de frutos secos, outra de bolachas de arroz, quatro ‘bagels’, um pacote com macedónia de legumes e duas embalagens com fruta, bem como lenços de papel e dois conjuntos de talheres de madeira, compõem o ‘kit’ alimentação para quatro refeições.

Em inglês, uma voluntária avisa os jovens que se não gostarem ou não quiserem alguns daqueles produtos que os coloquem numa caixa próxima, para trocarem pelo que lá está ou até para deixarem para os próximos que ali passarem.

Ao aviso de Rita que “não se pode desperdiçar comida”, Inês abre o saco e, apressadamente, retira o leite e umas barras de cereais para pôr na caixa, e ainda troca outro alimento com um amigo.

A partilha tem sido uma espécie de palavra de ordem do grupo, que desde o início da JMJ, na terça-feira, troca experiências com os milhares de estrangeiros que se encontram em Lisboa.

O encontro de Rita com uma jovem libanesa que, disse, veio sozinha para a JMJ, foi um dos momentos que a coordenadora jamais esquecerá.

“Foi um encontro ocasional, no fim da missa de Acolhimento, no Parque Eduardo VII. Querer ser cristão no Líbano é muito complicado e ela conseguir vir até cá emocionou-me”, disse à Lusa, adiantando que ficou com o Instagram da jovem e a espera encontrar “até amanhã”.

O catequista do Padrão da Légua Paulo Ferreira, de 47 anos, largou a sua secretária do gabinete de contabilidade onde trabalha para sentir “este ‘mix’ entre viver o espírito da jornada e assumir a responsabilidade de cuidar” dos menores.

Este Papa está muito próximo dos jovens, está atento às diferenças e não os quer perder. A Igreja Católica está aberta à mudança e nesta nova normalidade que se vive não há diferenças, todos temos um lugar”, destacou o catequista.

Já parados à sombra de árvore, entre o Oriente o destino, o grupo almoçou, mas não sem antes rezar e agradecer a refeição, cantando, enquanto batia palmas, “Abençoai Senhor esta nossa refeição, que à volta desta mesa haja sempre união”.

Paulo Ferreira carrega consigo uma viola, para que, quando “há um tempo de paragem e espaço, o grupo reze a cantar”.

O catequista não tem dúvidas de que, entre hoje e domingo, a viola não vai parar, porque depois da Vigília há uma madrugada pela frente ao ar livre.

Ao início da tarde, do Oriente todos os caminhos iam dar ao Parque Tejo, num percurso de cerca de 2,5 quilómetros no qual milhares de peregrinos, debaixo de uma temperatura a rondar os 34 graus Celsius, cantavam e rezavam, ou simplesmente seguiam em silêncio.

Enquanto esperam pela chegada do Papa Francisco ao Parque Tejo, , os jovens “desesperam” para encher as garrafas de água para suportar as altas temperaturas.

Do lado de Loures, onde se concentram os jovens que não se inscreveram na JMJ, mas que tencionam assistir à vigília, mesmo que à distância, as filas nos pontos de água para encher as garrafas são “enormes”, ultrapassando os 20 minutos de espera, constatou a agência Lusa no local.

Valério Chiogaro, peregrino italiano, está há, pelo menos, 20 minutos na fila para se poder refrescar, criticando o facto de as filas serem muito grandes e não existirem mais opções.

“Está muito calor, muita gente e os pontos de água são muito poucos, deviam existir mais”, disse a espanhola Alda Corbue enquanto aguardava a sua vez.

Segundo indica a Câmara Municipal de Loures na sua página de Internet, foram instalados 416 pontos de água no Parque Tejo, que acolhe esta noite, às 20:45, a vigília da JMJ e, no domingo, a missa de encerramento da jornada, momentos que contarão com a presença do Papa Francisco.

Antes de regressar ao Vaticano, no domingo à tarde, o Francisco vai encontrar-se com os voluntários da JMJ no passeio marítimo de Algés, em Oeiras.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Como é possível ocupar e privatizar espaços e vias públicas e colocar restrições à circulação em várias zonas da Cidade de Lisboa, quando isso é ilegal e inconstitucional?

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