O plano de Armando Pereira para esconder 100 milhões de euros com a filha e o genro

Mário Cruz / Lusa

Armando Pereira, fundador da Altice

A revelação foi feita durante escutas telefónicas a uma chamada entre o fundador da Altice e um gestor de fortunas na Suíça.

Armando Pereira, milionário fundador da Altice e atualmente sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro na “Operação Picoas”, tinha um plano para ocultar uma parcela do seu património, estimado entre 75 e 100 milhões de euros, num fundo estabelecido em nome da sua filha, Gaelle Pereira, e do genro, Yossi Benchetrit. Benchetrit, um alto executivo da Altice USA, está agora suspenso das suas funções.

Estas informações foram reveladas durante escutas telefónicas feitas a uma conversa entre Pereira e um gestor de fortunas na Suíça no final do ano passado. Na chamada, o fundador da Altice refere que pretende atribuir a gestão de um portfólio de investimentos a um “trust” de que seria o fundador, tendo a filha e o genro como beneficiários, escreve o Correio da Manhã.

O Ministério Público (MP) considerou a conversa relevante, tendo depois detetado transferências de valores relacionados com este património. De acordo com o MP, Benchetrit teve um papel significativo no suposto esquema criminoso e pagamento de comissões organizado pelo sogro e por Hernâni Antunes, cujo grupo empresarial faturou mais de 600 milhões com a Altice.

Pereira afirmou, durante o interrogatório, que não tinha uma relação próxima com o genro, mas as escutas contradizem tal afirmação. Benchetrit estava na mansão de luxo do sogro em Braga na véspera das buscas. O fundador da Altice foi detido, mas suspeita-se que Benchetrit pode ter fugido com a ajuda de Antunes, que não foi detido e só se entregou às autoridades mais tarde.

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