Com a inflação a cair nos últimos meses, a mudança para uma taxa fixa no crédito à habitação pode não compensar.
Medina anunciou que o Governo está a negociar com os bancos o alargamento da oferta da taxa fixa ou taxa mista de juros, mesmo para quem já contraiu um crédito à habitação. No entanto, a Deco alerta que esta mudança nem sempre compensa.
“As taxas fixas têm acompanhado o movimento de subida dos juros no mercado, por isso encontram-se igualmente altas. “Estão a surgir no mercado algumas ofertas de taxa mista de curto prazo, até três anos, em que os valores propostos se situam abaixo das médias da Euribor a 12 meses. Neste caso, poderá ser uma boa opção a considerar no sentido de atenuar a subida dos juros nos próximos meses”, explica Nuno Rico, economista da Deco.
O especialista considera ainda que a proposta de Medina é “insuficiente”. “O vantajoso da medida é que vai haver um enquadramento legal para todos os bancos, mas a maioria dos portugueses não sabe que pode renegociar o seu contrato do crédito à habitação”, avisa.
Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco, acrescenta que “os bancos já estão a propor aos clientes que mudem para um regime de taxa mista, em que se fixa a taxa durante dois ou três anos e depois passa para taxa variável”. “Se for isto que o ministro vai anunciar, é algo que o mercado já está a dar resposta”, afirma ao ECO.
O Governo tem colocado o foco do problema do impacto da subida dos juros na questão da taxa fixa, mas muitas famílias ainda não percebem como este regime funciona.
“De alguma forma, os clientes já sabem que a taxa variável é composta por um spread e por um indexante que pode ser a 3, 6 e 12 meses. Mas não sabem como é que os bancos fixam as taxas, como chegam ao valor da taxa fixa”, refere.
Qual é a melhor taxa este ano?
A oferta de soluções de taxa fixa foi limitada nos últimos anos, o que não ajudou a popularizar esta alternativa junto das famílias. No entanto, o recente aumento das taxas Euribor levantou dúvidas sobre a opção mais vantajosa.
No final do ano passado, 92% dos 1,5 milhões de contratos de crédito à habitação nos balanços bancários estavam indexados à taxa variável, com apenas 1,7% indexados à taxa fixa, segundo o Banco de Portugal. Mesmo quando as taxas Euribor subiram acima de 3% em 2022, os portugueses continuaram a comprar casas recorrendo à taxa variável, escreve o ECO.
A taxa fixa e os contratos de taxa mista aumentaram no ano passado, mas continuam a representar uma pequena parte do mercado, com cerca de 6,9% e 12,3% do total de contratos, respectivamente. O ministro das Finanças, Fernando Medina, reforçou a necessidade dos bancos expandirem a sua oferta de taxa fixa e mista aos clientes que já possuem crédito à habitação.
No entanto, numa altura em que a inflação continua a desacelerar e se antecipa o fim do ciclo inflacionário, surge a questão sobre se faz sentido fixar uma taxa de juro acima de 4% num contrato de crédito à habitação para os próximos 20 ou 30 anos.
Ricardo Reis, economista, sugere que a maioria do impacto gerado pelo aumento das taxas de juro no último ano já foi “encaixado” pelas famílias com crédito à habitação.
A escolha entre taxa fixa ou variável é uma questão complexa e deve ser tomada com base na análise da saúde financeira da família no presente. Por exemplo, para quem receia que o surto inflacionista demore a passar, a taxa mista pode ser a melhor opção, pois garante uma proteção contra surpresas no curto prazo ao mesmo tempo que assegura o regresso às taxas variáveis.
As famílias devem também considerar outros fatores, como a comissão de amortização antecipada do empréstimo. Os contratos à taxa fixa têm uma comissão de 2%, enquanto nos contratos à taxa variável a comissão é de 0,5%.
Quem tem crédito â habitação tem uma fatura bem pesada para pagar! Vemos agora os amigos do povo a querer ” negociar com os bancos o alargamento da oferta da taxa fixa ou taxa mista de juros, mesmo para quem já contraiu um crédito à habitação”. O que nos querem vender? Lembro-me de um antigo governante que dizia que os Portugueses têm capacidade para pagar. Estamos no caminho certo!