O que fazer quando as músicas não saem da cabeça?

Há músicas que não saem da cabeça. O fenómeno dos “vermes de ouvido” é incomodativo e pode deixar-nos a ouvir músicas em loop, durante dias. Há, no entanto, formas de controlar os earworms.

“Músicas-chiclete” são as terríveis músicas que não nos saem da cabeça.

Cientificamente falando, tratam-se de imagens musicais involuntárias (INMI), também conhecidas como earworms – “vermes do ouvido”.

Músicas simples, repetitivas e fáceis de ‘cantarolar’, como as melodias infantis e as músicas populares, são as que mais facilmente nos entram na cabeça, sem convite e aviso prévio.

Apesar de ainda não haver uma explicação científica comprovada, os investigadores sabem que algo relacionado com a nossa arquitetura mental permite que certos padrões musicais se reproduzam espontaneamente e se repitam insistentemente.

Em abril, foi publicado um estudo, na revista Psychology of Music, que explica que as músicas que não saem da cabeça, geralmente, ocorrem em resposta a alguns fatores: se tivermos ouvido a música recentemente, se a música for familiar e se estivermos entediados.

“O nosso cérebro é composto por uma enorme rede complexa de neurónios que armazenam informações. Quando a mente está livre para divagar, pode aterrar repetida e inadvertidamente numa música que foi codificada recentemente”, explicou Emery Schubert, investigador da Universidade de New South Wales.

“Na verdade, compositores e artistas musicais constroem repetições na sua música, intencionalmente, para aumentar as probabilidades de criar uma música que não sai da cabeça”, acrescentou.

Uma notícia de 2016 do ZAP, sobre um estudo que analisou e explicou o mesmo fenómeno, apresentou o top das canções que mais colam ao ouvido, entre as que foram analisadas.

Eis a canção que ficou no primeiro lugar:

Há quem diga que Lady Gaga só ganhou o prémio de melhor “música-chiclete”, porque, no período de análise, a música ‘Despacito’ de Luis Fonsi ainda não tinha sido lançada…

Num tom mais sério: o estudo mais recente sugeriu que pessoas que sofrem de ansiedade, transtorno de stress pós-traumático e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) são mais propensas a reter earworms na cabeça.

Além disso, certos estados emocionais, como o cansaço ou stress, também podem desencadear este fenómeno.

Há ainda quem sofra de INMI, durante meses (e, em casos mais extremos, anos), e, por isso, precisam de tratamento médico.

Para os casos mais suaves (e comuns), os cientistas recomendam seis técnicas que podem ajudar a tirar “músicas-chiclete” da cabeça:

Bater palmas

Bater palmas é uma boa técnica para enganar o cérebro e interromper um earworm.

Nos concertos, quando termina uma música, é comum bater palmas.

Por isso, esse estímulo pode ajudar a indicar ao cérebro que a música já acabou.

Completar a música

Quando se conhece apenas um excerto de uma música é essa parte que vai estar em loop, na nossa mente.

A solução é completar a música que tem na cabeça, ouvindo-a até ao fim.

O objetivo é o cérebro recebar a mensagem de que a música já acabou.

Distrair-se

O Wired sugere memes. Fazer, ver e ouvir – alguma coisa que o distraia é o melhor para tirar uma música da cabeça.

“Até mastigar uma pastilha elástica pode atrapalhar o loop fonológico”, diz Elizabeth Margulis, professora da Universidade de Princeton e diretora de um laboratório de cognição musical.

O importante é fazer alguma coisa que tire a ‘Bad Romance’ e a ‘Despacito’ da mente.

Fazer e misturar letras de músicas

Dizem os especialistas que misturar letras de músicas, pô-las a tocar ou cantá-las também pode resultar.

Portanto, experimente criar uma música, sem sentido, ou, simplesmente, misturar letras de músicas já existentes.

O pior que pode acontecer é ficar com essa nova música na cabeça… mas, nesse caso, já sabe: repita o processo, até funcionar, ou experimente outra técnicas.

Variar a playlist

Não ouça sempre as mesmas músicas…

Os especialistas dizem que uma lista de reprodução com ritmos variados ajuda a prevenir as imagens musicais involuntárias.

Isso é, segundo eles, “complicar o trabalho à mente”, que ficará mais baralhada e com dificuldade em escolher uma música.

‘The Earmworm Eraser’

Em penúltimo recurso (antes de ir ao médico) experimente o The Earmworm Eraser – concebido especificamente para interromper a atividade dos neurónios que nos prendem a uma música.

Miguel Esteves, ZAP //

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