No dia da votação do relatório sobre a TAP, os deputados não se esqueceram das palavras de Adão e Silva – e da reacção do presidente da CPI.
Pedro Adão e Silva descreveu de uma forma diferente os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP.
“A transformação das inquirições em noites sem paragem, sem saber se se falou ao telefone às 10:00 ou às 10:05, se foi antes ou depois, em que os deputados são uma espécie de procuradores do cinema americano de série B da década de 80…”
“E depois tudo isto é prolongado naquele género de comentário, como se comenta os ‘reality shows’, nos canais noticiosos à noite – se isso não contribui igualmente para a degradação das imagens e da democracia? A minha resposta é que contribui”, disse o ministro da Cultura.
Entre as reacções destacaram-se as críticas de António Lacerda Sales, presidente da comissão de inquérito: “Foi uma falta de respeito e uma caracterização muito injusta do trabalho dos deputados”. E achou que o ministro deveria retratar-se (algo que não fez).
Esta quinta-feira foi dia de votação do relatório final. E os deputados não se esqueceram dessa reacção de Lacerda Sales.
Paulo Moniz, do PSD, agradeceu ao presidente da CPI essa “defesa” dos deputados perante as “considerações injuriosas” de Adão e Silva. Além disso, elogiou a sua condução “elegante e serena” da comissão, cita o Jornal de Notícias.
Outro deputado do PSD, Hugo Carneiro, pediu a palavra para elogiar (algo que não é habitual em si, segundo o próprio) forma como Lacerda Sales conduziu os trabalhos e como geriu “com sucesso” algumas tensões.
Filipe Melo, do Chega, deixou o seu “reconhecimento público” a Lacerda Sales, acrescentando: o deputado do PS colocou o ministro da Cultura “no sítio dele”. Um ministro que “tentou puxar pelos galões, algo que se calhar não tem”.
Já o jovem Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal, considera que Lacerda Sales foi “isento e correcto” enquanto presidente da CPI.
À esquerda de Lacerda Sales, Pedro Filipe Soares (Bloco de Esquerda) salientou a “lisura” de Lacerda Sales por este ter pedido “respeito” pela CPI a Pedro Adão e Silva.
António Lacerda Sales agradeceu os elogios e disse que os deputados e os serviços do Parlamento ” contribuíram para que a boa condução dos trabalhos fosse possível”.