Transformado em navio-hospital, o Britannic serviu a armada britânica na I Guerra Mundial. O irmão mais novo do Titanic também teve um desfecho trágico.
O Britannic foi o terceiro e último dos três transatlânticos, da classe Olympic, da companhia marítima britânica White Star Line, construídos no início do século XX, pelos estaleiros da Harland and Wolff, em Belfast, no Reino Unido.
O Olympic foi o navio líder do trio, ficou pronto em 1908. Tinha 269,1 metros de comprimento e 52 067 toneladas de deslocamento.
Pouco tempo depois, começou a ser construído o Titanic – cujo desfecho trágico se conhece.
Anunciado em 1911, o Britannic foi a aposta derradeira de navios da classe Olympic, da White Star Line. Tinha um comprimento de 269,1 metros e um deslocamento de 53 200 toneladas.
Para prevenir um desastre idêntico ao do Titanic, o último transatlântico foi equipado com um casco duplo. Além disso, os compartimentos também foram melhorados, prevendo-se que o navio pudesse flutuar, mesmo em caso de inundação.
A I Guerra Mundial estragou-lhe os planos
A I Guerra Mundial (1914-1918) veio atrapalhar os planos iniciais do transatlântico, que era fazer a travessia Southampton – Nova Iorque.
O Britannic permaneceu no cais, em Belfast, até ao momento em que as forças armadas britânicas o convocaram para ser convertido em navio-hospital.
O Britannic foi renomeado como HMHS (Her Majesties Hospital Ship) Britannic e era tripulado por 101 enfermeiros, 336 suboficiais, 52 oficiais comissionados, e uma tripulação de 675 pessoas.
Depois de completar uma série de missões bem-sucedidas, transportando soldados feridos, o HMHS Britannic voltou a Belfast para ser convertido novamente num navio de passageiros.
O governo britânico pagou 75 mil libras – quase 90 mil euros – à White Star Line como forma de compensação.
Mas… alguns meses depois, a conversão foi interrompida, porque foi exigido que o Britannic voltasse ao serviço militar – e, mais uma vez, assumindo o nome de HMHS Britannic.
Foi, então, enviado para o Médio Oriente, para transportar soldados doentes e feridos.
Os planos não foram os únicos a ir por água abaixo
Enquanto navegava pelo Canal Kea no Mar Egeu, a 21 de outubro de 1916, o Britannic atingiu uma mina de um submarino da marinha alemã.
A explosão fez com que quatro compartimentos do navio se enchessem de água, inundando a caldeira principal.
O comandante do navio, o Capitão Bartlett, emitiu um sinal de socorro e ordenou à tripulação que fechasse as portas e preparasse os barcos salva-vidas.
Simultaneamente, dava ordem de navegação em direção à ilha grega de Kea, na esperança de encalhar o navio.
Por precaução, a tripulação e os operacionais de saúde iniciaram os preparativos para a evacuação, tendo começado a baixar os primeiros barcos à água, sem esperar por ordens da ponte.
Duas dessas embarcações foram, por isso, sugadas pela hélice do navio, tendo esmagado os barcos e os passageiros.
Assim que a inundação atingiu o convés, o capitão Bartlett percebeu que o HMHS Britannic estava destinado a afundar-se e deu sinal para todos abandonarem o navio.
Com a maioria das pessoas já evacuadas, o navio foi-se afundando gradualmente e os funis acabaram por desabar. Tudo isto em pouco menos de uma hora.
Morreram 30 pessoas, das 1066 que estavam a bordo.
Violet Jessop, que já tinha sobrevivido ao desastre do Titanic, estava no HMHS Britannic, como enfermeira: “Todo o convés caiu no mar como se fossem brinquedos de criança”, contou, citada pelo Heritage Daily.
“O navio deu um mergulho terrível, a popa ergueu-se centenas de pés no ar, até que com um rugido final ele desapareceu nas profundezas. Aquele barulho foi ressoando através da água, com uma violência inimaginável”, descreveu.
O HMHS Britannic tornou-se no maior navio perdido durante a Primeira Guerra Mundial. Permanceu intacto até ser redescoberto a uma profundidade de 122 metros por Jacques-Yves Cousteau em 1975, como conta o Heritage Daily.