Admitindo que “a responsabilidade é do Governo”, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa confessou preocupação com a ausência, a pouco mais de um mês do início da JMJ, do plano de mobilidade. Os moradores do Parque Eduardo VII querem “fugir” da capital.
A pouco mais de um mês do início da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas não esconde a preocupação com o facto de o Governo ainda não ter apresentado o plano de mobilidade para o evento.
Em declarações à TSF, Moedas confessou que a névoa sobre o plano preocupa a autarquia.
“O plano de mobilidade preocupa-nos. A Câmara Municipal tem de se preparar para um plano de mobilidade que não é seu, um plano de mobilidade que é feito pelo Governo”, começou por dizer o presidente da Câmara da capital, que vai acolher a JMJ de 1 a 6 de agosto.
“A responsabilidade é do Governo, com toda a ajuda da câmara. Nós estamos aqui dispostos a ajudar, a dar a nossa opinião sobre as várias soluções, soluções que devem passar por distribuir as todas as pessoas na cidade, de uma maneira em que possam andar de um lado para o outro, em que nos podemos mover do Parque Tejo Trancão para o Parque Eduardo VII”, afirmou, lembrando que ainda não tem uma resposta.
“São mais de um milhão de pessoas e, portanto, tenho essa preocupação. Sei que o Governo está a fazer tudo aquilo que pode mas, neste momento, não tenho ainda uma resposta. Temos tido reuniões com o Governo sobre isso, mas reuniões, sobretudo, para colocar à disposição aquilo que é a máquina da câmara na área da mobilidade, também para ajudar no que for necessário”.
O plano de mobilidade é considerado um dos documentos mais importantes do planeamento das JMJ, já que naquele período cerca de 1,5 milhões de jovens se deslocarão para Lisboa.
O documento foi ainda apontado pela Igreja Católica como condicionante para a escolha dos lugares onde os jovens serão alojados em inscritos, mas também para as catequeses diárias — conferências de bispos de vários países do mundo que vão acontecer naquela semana na Grande Lisboa.
Moradores querem “fugir” de Lisboa. Temem que “seja um caos”
Boa parte dos moradores da zona do Parque Eduardo VII, local que irá abrigar a JMJ, pretendem escapar à confusão da capital.
“O que nós todos estamos a pensar, até porque já temos experiência de eventos no Parque Eduardo VII, é ‘dar à sola’. Pelo que tenho falado aqui com os meus vizinhos, muito poucos vão ficar aqui no bairro”, disse à agência Lusa a presidente da Associação de Moradores do Bairro do Alto do Parque, Luísa Cadaval de Sousa.
A moradora, com casa no topo do Parque Eduardo VII, na freguesia das Avenidas Novas, explicou que as pessoas que vivem na zona estão preocupadas com a “falta de informação” e temem que, à semelhança do que aconteceu noutros eventos, “seja um caos”.
“Isto vai ser caótico. O sentimento geral é que vamos todos embora daqui. Um ou dois dias antes. Não aguentamos”, afirmou, lembrando uma “experiência traumática” que os moradores do Alto do Parque tiveram aquando da realização da final da Liga dos Campeões, que se jogou em 2014 (Real Madrid-Atlético de Madrid) no Estádio da Luz, em Lisboa, em que os moradores sofreram com problemas de “lixo, ruído, estacionamento e de falta de produtos de mercearia”.
“Nós bem vimos o que foi este parque e este nosso bairro aqui com os espanhóis o dia inteiro a circularem aqui pela rua. Era um evento diferente, mas eram alguns milhares. Agora dizem-nos que é um milhão e meio. Mesmo que venham só quinhentos mil imagine o que é. Eu nem quero imaginar“, sublinhou.
Luísa Cadaval de Sousa queixou-se também da “falta de informação”, lamentando que nem a Junta de Freguesia, nem a Câmara Municipal de Lisboa tenham informado os moradores acerca dos constrangimentos previstos.
“A nossa expectativa não é nenhuma porque ainda ninguém falou connosco. Aquilo que nós sabemos é pela televisão, pelos jornais, pela Internet”, criticou.
No mesmo sentido, o vice-presidente da Associação de Moradores das Avenidas Novas, Paulo Lopes, referiu que quem vive na freguesia apenas quer “perceber aquilo que vai acontecer em termos práticos” e “quais serão os constrangimentos” na zona durante as cerimónias da JMJ previstas para o Parque Eduardo VII.
“Não sinto receio ou medo de que isto seja o fim do mundo, digamos assim. Agora, as pessoas estão preocupadas porque querem saber se vão poder sair de casa, pegar no carro para sair e voltar. Esse nível de preocupação existe, sim. Questões muito práticas”, apontou.
Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre 1 e 6 de agosto, com as principais cerimónias no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo.
ZAP // Lusa
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Tudo o que for positivo é obra do Moedas Tudo o que for negativo é obra do Governo
Este governo é só atrasados. Não estou a dizer que são atrasados mentais, isso fica para cada um julgar. Digamos que são atrasados em tudo o que é concretizar. Não há nada que não se atrase. Até um simples plano de mobilidade para o Circo da Igreja. Eu, que trabalho em Lisboa, mas resido fora, há muito que decidi que nessa semana, não coloco os pés em Lisboa. Imagino os desgraçados que lá moram, ou aqueles que não podem tomar a mesma decisão que eu.
Lisboa está com um problema de sujidade nas ruas mesmo se a JMJ, a calçada apresenta -se escurecida e com lixo em muitas ruas no centro de Lisboa, tal como a Rosa Araújo e a Duque de Palmela, especialmente nesta onde se acumulam lixos de estafetas origem asiática, da Glovo e Uber. Acho que já constitui um problema grave que faz querer sair de Lisboa. As jornada são 6 dias e muitos Lisboetas ficam para acolher, e muitas obras de melhoramento. Mas ruas sujas é todo o ano e tem piorado….
O problema de Lisboa não são os turistas mas sim os lisboetas.
Os lisboetas só querem as coisas boas que o poder centralista lhes dá de mão beijada. As menos boas, os incómodos não os querem ter, nem que seja por uma semana. Tenham paciência! Os restantes portugueses são esquecidos, penam, durante os 365 dias do ano.