Não é consequência da evolução e também não é benigna. Até à data, apenas 40 bebés nasceram com ‘caudas’ e metade dos casos revistos foram associados a uma doença concreta — a espinha bífida oculta.
Em alguns casos muito raros, bebés humanos podem nascer com um apêndice traseiro sem ossos ou cartilagem, que se assemelha a uma cauda, normalmente facilmente removida com uma simples cirurgia.
O caso é extremamente raro e, até então, apenas quarenta situações semelhantes foram registadas.
Desde que Charles Darwin afirmou que estas caudas eram um traço de algum antepassado perdido que estas formações sem ossos, cartilagem ou medula espinal são consideradas benignas, mas essa ideia tem vindo a ser desafiada recentemente.
Hoje acredita-se que raros apêndices evidenciam uma fusão incompleta da coluna espinal, uma doença conhecida como espinha bífida, muito provavelmente resultante de fatores genéticos e ambientais.
Quando um embrião humano atinge as cinco semanas de desenvolvimento, é condição normal o surgimento de uma estrutura semelhante a uma cauda composta por um tubo neural e uma corda dorsal — uma espécie de medula espinal prematura.
Na oitava semana de desenvolvimento do embrião, esta cauda é habitualmente absorvida para o corpo do embrião. Se se mantiver cá fora até ao nascimento — condição rara e anormal — entende-se que pode haver algo de errado com o bebé.
Segundo um estudo que remete a 2008, os bebés que nascem com caudas tendem a apresentar defeitos neurológicos associados, estando possivelmente “associadas a disrafismo subjacente [condição na qual a coluna e medula espinhal não se formam corretamente]”. Metade dos casos revistos pelo estudo foram associados a espinha bífida oculta — a mais comum e ligeira forma de espinha bífida.
A espinha bífida é uma anomalia congénita do sistema nervoso que se desenvolve nos dois primeiros meses de gestação. Provoca defeitos no desenvolvimento da medula espinal e do cérebro, sendo uma causa relevante da mortalidade infantil. Até hoje, as causas para o desenvolvimento da condição não são conhecidas.
Estas descobertas vieram contrastar com as conclusões de um estudo de 1985, que afirmou que a condição era de facto benigna e não associada a malformações espinais.
Só em 1995 é que investigadores avisaram que a situação neurológica dos bebés com caudas deveria ser acompanhada.
De acordo com o Science Alert, há ainda uma grande ausência de pesquisa que impede a descoberta das verdadeiras origens das ‘caudas’ — algo que se deve, em grande parte, à raridade dos casos.