O mistério de como um buraco nas dunas engoliu uma criança nos EUA

Tom Gill / Flickr

Um menino de seis anos foi engolido por um buraco misterioso no meio das dunas no Indiana, tendo sido resgatado três horas depois. Não havia razão aparente para a existência do buraco

Numa tarde soalheira em 2013, um menino de seis anos foi abruptamente engolido por um buraco de 3,35 metros no Parque Nacional das Dunas no Indiana. A criança ficou lá presa mais de três horas, antes de ser resgatada.

A geocientista Erin Argyilan estava no local e dirigiu-se ao buraco para investigar o que teria levado a que o buraco se abrisse de repente. As suas descobertas foram relatadas num estudo publicado em 2015.

“Não havia sinais de perturbações na superfície que sugerissem o colapso dos sedimentos. Mas o amigo do menino que estava presente reportou que tinham visto um buraco aberto, foram investigar a sua profundidade e o menino escorregou para além da vista para dentro do buraco, que se encheu rapidamente de areia“, refere.

O mistério deixou a cientista com a pulga atrás da orelha. A duna foi criada com a acumulação de areia em cima de areia, não havendo uma explicação aparente sobre como se formou um buraco sob a superfície, escreve a Smithsonian Mag.

5W Infographics / EPA

Argyilan decidiu investigar o fenómeno mais a fundo e descobriu que já havia anteriormente registos escritos de situações semelhantes, incluindo na ficção.

“Isto era uma floresta de pinheiros há muito, muito tempo atrás. Estas dunas não costumavam estar aqui, apenas árvores. Mas os ventos continuaram a trazer cada vez mais areia, que finalmente cobriu a floresta. Até ao topo das árvores”, explica a personagem Tio Hank no romance Sometimes a Great Notion de Ken Kesey, que relata a história de um menino que cai na “chaminé do diabo”.

Com o passar do tempo, as árvores apodreceram, deixando os buracos onde estavam. No entanto, o mistério sobre como é que os buracos continuavam estáveis permanecia, já que não há explicação para que a areia não os tenha enchido.

No estudo de 2015, a equipa de Erin Argyilan examinou então as árvores com técnicas de microscopia eletrónica e espectroscopia de energia dispersiva, e descobriu finalmente o culpado.

A análise das árvores enterradas e sedimentos circundantes indicaram que os fungos saprotróficos da decomposição da madeira continuam a decompor ativamente as árvores após serem sepultadas, e no contacto entre o material orgânico e as areias ocorre a biomineralização de uma massa rica em carbonato de cálcio, explicaram os autores do estudo.

Quanto ao menino, não sofreu nenhum ferimento grave e recuperou do incidente na totalidade.

ZAP //

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