A Alemanha entrou mesmo em recessão

Nils Bremer / Flickr

Sede do Deutsche Bank em Frankfurt, na Alemanha

O PIB alemão apresenta queda em dois trimestres seguidos. Inflação elevada, alavancada sobretudo pelos preços da energia, trava gastos do consumidor.

A Alemanha entrou em recessão técnica no primeiro trimestre de 2023, após uma segunda contração consecutiva do Produto Interno Bruto, num cenário de queda da procura na indústria, inflação e taxas de juros elevadas.

Segundo a agência AFP, o PIB da maior economia da Europa registou uma queda de 0,3% entre janeiro e março em comparação com os três meses anteriores.

No trimestre anterior, o quarto de 2022, a Alemanha tinha registado uma contração contração de 0,5%, de acordo com dados corrigidos por variações sazonais e divulgados pelo Instituto Destatis.

Assim, a Alemanha entrou em recessão técnica, definida como a queda da atividade económica durante dois trimestres consecutivos.

Em abril, uma estimativa preliminar do Destatis tinha apontado que o PIB alemão tinha estagnado, com crescimento zero no primeiro trimestre, antevendo-se assim que a Alemanha iria escapar por pouco à recessão.

“A persistência de grandes subidas de preços continuou a ser um fardo para a economia alemã no início do ano”, afirmou o Destatis em comunicado citado pela Deutsche Welle.

O impacto destes fatores foi sentido principalmente pelos consumidores, que reduziram gastos em alimentação e vestuário, bebida, calçado e mobiliário.

Além disso, os alemães compraram menos carros novos, possivelmente devido ao fim dos subsídios do governo em 2022.

“O inverno ameno que tivemos, a recuperação na atividade industrial, ajudada pela reabertura chinesa, e uma diminuição dos atritos na cadeia de fornecimentos não foram suficientes para afastar a economia da zona de perigo da recessão”, explicou Carsten Brzeski, economista do banco ING .

A Alemanha, que dependia fortemente das importações de energia da Rússia, ficou particularmente exposta após a invasão da Ucrânia em fevereiro do ano passado.

A redução dos fornecimentos de gás, em particular, levou Berlim a procurar novas fontes de energia e preencher as reservas antes do que se previa ser um inverno rigoroso. Mas um inverno ameno afastou os piores cenários – como a falta de gás, que teria devastado a economia.

Esta é a primeira vez que a economia entra em recessão desde a pandemia de coronavírus, que provocou uma queda do PIB no primeiro e segundo trimestres de 2020.

Apesar dos resultados, o governo alemão projeta uma recuperação progressiva da atividade durante o ano e um crescimento de 0,4% para 2023.

ZAP //

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