Em 2021, os funcionários públicos ganhavam, em média, mais do que os trabalhadores do privado com o mesmo nível de qualificação.
Um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que, em 2021, a média dos salários públicos foi maior do que a dos salários dos trabalhadores do privado.
Naquele ano, a remuneração bruta mensal média por trabalhador no público era 2.019 euros, e no privado 1.335 euros.
O INE divulgou as novas estatísticas sobre remunerações por trabalhador, com base na informação da Declaração Mensal de Remunerações, transmitidas pelas empresas à Autoridade Tributária e remetida mensalmente ao Instituto.
“A informação diz respeito a cerca de 4,6 milhões de trabalhadores [740.900 na administração pública e 3.799.600 trabalhadores no setor privado], considerando todos os tipos de rendimento do trabalho”, esclareceu o INE.
O Expresso expôs os números e reparou que, em 2021, a remuneração bruta mensal média dos trabalhadores da administração pública foi superior à dos trabalhadores do setor privado, em todos os níveis de escolaridade.
O INE refere que “este resultado pode estar associado, entre outros fatores, à diferente composição etária dos trabalhadores”. A idade média de um funcionário público é 53 anos e a de um trabalhador do setor privado é 43 anos.
No entanto, tendo em conta apenas os trabalhadores com ensino superior, frisa o Expresso, a discrepância etária é ainda maior. No público a média mantém-se nos 53 anos, mas no privado desce para os 40 anos.
“A este facto, associam-se maior acumulação de capital humano e de experiência profissional, com tradução nas remunerações auferidas pelos trabalhadores”, diz o INE.
A administração pública é mais qualificada
O estudo do INE também revelou aquele que poderá ser o fator-chave para os funcionários públicos são mais bem remunerados.
Do universo dos trabalhadores da administração pública, em 2021, mais de 55% tinham o ensino superior. Já no setor privado, essa parcela não chegou aos 23%.
Dos 45% da função pública que sobraram, cerca de 27% tinham o ensino secundário e pouco mais de 18% tinham estudos , pelo menos, até ao 9.º ano de escolaridade.
Do lado dos privados, dos 77% que não tinham ensino superior 45% estudaram, pelo menos, até ao 9.º ano e só 32% chegaram ao secundário.
Ou seja, a média de qualificação dos funcionários públicos é, em todos os níveis de escolaridade, superior à média de qualificação dos trabalhadores do setor privado.
Por este prisma é fácil entender que os trabalhadores da administração pública sejam, em média, mais bem pagos do que os funcionários de empresas privadas.
No entanto, mesmo para os trabalhadores com o mesmo grau de escolaridade, o salário médio bruto da função pública volta sair por cima.
No grupo dos que estudaram, no máximo, até ao 9.º ano, a média mensal do salário foi 1.265 euros no público e 1.114 euros no privado.
Quem passou pelo secundário, em média, aufere por mês de um salário de 1.514 euros no público e 1.348 euros no privado.
Por fim, a média salarial mensal de quem tem curso superior é de 2.957 euros na função pública e de 2.263 euros no setor privado.