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Dois coronéis, quatro aeronaves, um dia mau para a Rússia (e a outra face de Zelensky)

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ZAP // Dall-E-2; manhhai / Flickr

Dois oficiais militares russos foram mortos no leste da Ucrânia, informou o Ministério da Defesa da Rússia. Num outro incidente, dois caças russos e dois helicópteros militares foram abatidos em território russo, junto à fronteira com a Ucrânia. Um mau domingo para a Operação Especial de Putin.

Autoridades militares russas afirmaram este domingo em comunicado que os ataques ucranianos nas proximidades da cidade de Bakhmut estavam a ser repelidos, mas admitiram que dois líderes militares de alta patente se encontravam entre as baixas nas suas fileiras.

De acordo com o comunicado, o comandante da 4ª Brigada de Fuzileiros Motorizados, Coronel Vyacheslav Makarov, “liderou pessoalmente a batalha na linha da frente para repelir dois ataques. Ao repelir um terceiro, ficou gravemente ferido e morreu durante a evacuação do campo de batalha.”

Segundo o Ministério da Defesa russo, também o Coronel Yevgeny Brovko “morreu heroicamente em combate, após ter sofrido múltiplos ferimentos causados por estilhaços”.

Karma instantâneo

Ainda este domingo, um caça bombardeiro Su-34, um caça Su-35 e dois helicópteros Mi-8 foram abatidos na região de Bryansk, junto à fronteira com a Ucrânia. Segundo a agência Kommersant, não há sobreviventes entre as quatro tripulações.

De acordo com a agência de notícias russa, os dois caças iam lançar um ataque coordenado com mísseis e bombas na região de Chernihiv, na Ucrânia, com o apoio dos helicópteros para recolher as tripulações dos Su caso fossem abatidos.

“A unidade aérea provavelmente caiu numa emboscada“, diz a Kommersant. Segundo o The Telegraph, que cita militares russos e especialistas em aviação, não é certo se as aeronaves foram atingidas por fogo amigo ou abatidas pela Ucrânia.

Este terá sido o maior número de aeronaves russas perdidas num só dia desde março do ano passado, diz o jornal britânico.

A Ucrânia não comentou oficialmente as notícias, mas Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente Zelenskyy, escreveu no Twitter que as aeronaves foram abatidas por “pessoas não identificadas”. “Foi karma instantâneo“, acrescentou o conselheiro.

Enganar Putin

Bakhmut tem sido palco de intensos combates, à medida que a Ucrânia regista ganhos territoriais em torno da cidade sitiada. O avanço das tropas ucranianas está a agravar também as disputas entre fações militares russas envolvidas no conflito, nota o Politico.

Yevgeny Prigozhin, proeminente oligarca que lidera o grupo mercenário Wagner, tem lançado fortes críticas aos chefes militares russos, numa série de vídeos cada vez mais agressivos, alegando que estão a falhar no fornecimento de munições aos seus combatentes na linha da frente.

Segundo Prigozhin, os generais russos estão a tentar “enganar” Vladimir Putin sobre a real situação no terreno. O líder do grupo mercenário considera que o “reposicionamento estratégico” que as tropas russas estão a realizar na linha da frente “infelizmente chama-se debandada, não reagrupamento“.

Instintos agressivos

Este domingo, em Berlim, o presidente Zelenskyy afirmou que as forças ucranianas estão a preparar uma grande contraofensiva, mas negou informações recentes, divulgadas no sábado pelo jornal The Washington Post, segundo as quais Kiev pretende atacar tropas russas em território do país vizinho.

De acordo com o jornal norte-americano, que cita documentos secretos da inteligência dos EUA, Zelensky terá sugerido em janeiro, numa reunião privada com os seus generais, que a Ucrânia lançasse ações militares fora do território ucraniano.

Segundo o relatório a que o Post teve acesso, Zelenskyy ganhou a confiança dos líderes ocidentais, mas à porta fechada revela uma faceta com instintos agressivos, que contrastam com a imagem pública de líder calmo e estóico que resiste heroicamente ao massacre russo na Ucrânia.

Entre os ambiciosos planos de ataque que Zelenskyy terá discutido com os seus generais, incluem-se ocupar aldeias russas perto da fronteira com a Ucrânia e bombardear o oleoduto que transporta petróleo da Rússia para a Hungria.

Não temos nem tempo nem forças para atacar território russo, e não temos armas suficientes para o fazer”, disse Zelenskyy.

Armando Batista, ZAP //

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