Surpreendentemente, secar roupa ao sol pode não ser a melhor opção caso a queira manter livre de poluição.
Agora que o bom tempo voltou, após meses de inverno, pode voltar a estender as suas peças de roupa na varanda ou no terraço, para que esta seque no exterior e, com isso, possa ficar com o melhor cheiro possível. De facto, a diferença é clara, mesmo quando a comparação é feita com o resultado conseguido pelas máquinas se secar.
Mas como é que esta se justifica? Em 2020, um grupo de investigadores da Universidade de Copenhaga produziram um trabalho em que exploravam os cheiros associados à secagem da roupa ao sol. Para isso, lavaram à mão três toalhas em água totalmente limpa, ou seja, sem micro organismos ou outras substâncias que podiam interferir no cheiro dos tecidos.
No processo de secagem, as toalhas foram estendidas em três ambientes: numa divisão escura, numa varanda à sombra e numa varanda exposta à luz solar. Depois de secas, as peças foram seladas em sacos de plástico durante 15 horas, o que permitiu a libertação de químicos antes da fase seguinte, explica o IFL Science.
Esta passava pela análise do ar de cada um dos sacos através de cromatografia de gás-espectrometria de massa para identificar os diferentes compostos químicos presentes depois dos diferentes processos de secagem. Foram ainda recolhidas amostras de ar dos sacos vazios, mas também do ar dos ambientes em que a secagem ocorreu.
Descobriram, consequentemente, que as toalhas que secaram ao sol tinham mais químicos, como aldeído e cetona, associados aos perfumes ou odores das plantas.
“Quando o ozono presente no ar reage com os materiais numa toalha molhada, formam-se aldeídos e cetonas — que correspondem às fragrâncias identificadas no estudo. Aqui pode estar parte da explicação. Mas também pensamos que há algo diretamente relacionado com a luz solar. Por exemplo, pigmentos ou corantes nas toalhas, encontrados mesmo quando as toalhas não são tratadas, absorvem a luz solar e levam a transformações químicas”, disse Malte Frydenlund da Universidade de Copenhaga, um co-autor do estudo,
Apesar de parecer um tema sem importância, os cientistas notam que pouca investigação havia sido feita neste âmbito, pelo que os seus estudos podem ser úteis para se perceber como é que a degradação de diferentes materiais ocorre.