Quando comermos fora, a factura não será diferente, avisa associação ligada à restauração. RTP fez outras contas.
Retirar o IVA de diversos produtos alimentares – 44, de acordo com o cabaz oficial – pode parecer uma boa notícia para a maioria dos consumidores.
No entanto, quer no momento de ir às compras, quer no momento de comer fora, os efeitos podem não ser o que os portugueses esperam.
Começando pela restauração, a PRO.VAR – Associação para a Defesa, Promoção e Inovação dos Restaurantes de Portugal avisa que o IVA zero terá efeito zero na factura nos restaurantes.
“Do ponto de vista do consumidor, o IVA a 0% não terá qualquer efeito, porque o restaurante entrega na mesma o produto a 13%”, explicou o presidente da associação.
“O restaurante não fica com mais margem porque tem sempre que entregar os 13%. Não há benefício”, continuou Daniel Serra, no Jornal de Notícias.
Por isso, o IVA na restauração deveria descer para 6%, além desta lista do IVA zero: “Esse efeito seria mais fácil de fazer cumprir, porque é um sector de concorrência perfeita. Os custos estão a subir e o sector não está a reflectir integralmente essa subida”, avisou.
Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, reforçou no Jornal de Negócios que o IVA zero “não será suficiente para que os estabelecimentos consigam uma larga tesouraria para fazerem repercutir isso imediatamente ao consumidor”.
97 cêntimos mais barato
A RTP foi às compras. Quando ainda não se conhecia a lista do Governo, simulou uma lista de compras normal, com 10 produtos.
O preço total aproxima-se dos 16 euros e, retirando o IVA a todos os produtos do cesto (que tinham 6%), a diferença foi de 0,97 euros.
Uma consumidora, reformada, comentou com a estação pública, entre sorrisos: “Olhe, como muita sopa, que é o que fica barato. Não é?”.