O número de infecções pelo fungo Candida auris disparou nos últimos dois anos e está a preocupar as autoridades de saúde.
O número de infeções pelo fungo Candida auris, que pode ser mortal, está a disparar nos Estados Unidos.
De acordo com um novo estudo do Centro de Controlo de Doenças (CDC) publicado na Annals of Internal Medicine, já foram identificados casos em mais de metade dos 50 estados norte-americanos.
A infecção foi descoberta pela primeira vez em 2009, no Japão, e os primeiros casos nos Estados Unidos foram diagnosticados em 2013. A transmissão é feita através do contacto com a pele de uma pessoa infectada ou com surperfícies contaminadas.
Em 2021, foram descobertos 1471 casos nos EUA, uma subida de 95% em relação aos valores de 2020. Em 2022, o número de infecções voltou a subir para 2377. O número de infecções disparou desde 2021, já que os valores nos anos anteriores eram bastante mais baixos — 756 em 2020, 476 em 2019, 330 em 2018, 173 em 2017 e 53 em 2016.
Não se sabe ao certo quantas pessoas perderam a vida com a doença. Os dados do CDC estimam que entre 30% e 60% das pessoas infectadas acabe por morrer. A infecção é geralmente inofensiva para pessoas saudáveis, mas é perigosa para pessoas com sistemas imunitários mais frágeis, escreve o Interesting Engineering.
Aqueles com maior risco de infecção incluem doentes crónicos, pessoas com cateteres, tubos de respiração ou alimentação ou outros dispositivos médicos invasivos ou pessoas que ficam durante períodos prolongados em unidades de saúde.
O diagnóstico é feito com exames ao sangue ou à urina e os sintomas são difíceis de descrever, dado que a fungo afecta geralmente pessoas que já estão doentes, pelo que não se sabe se o sintoma se deve ao fungo em si ou à outra doença.
Em testes com pessoas com alto risco de infecção, os investigadores decobriram 4041 pessoas que tinham o fungo em 2021, mas não estavam doentes. Uma pequena percentagem de hospedeiros pode mais tarde ficar doente e desenvolver infecções na corrente sanguínea com um alto risco de morte, escreve o Science News.
A grande subida no número de casos em três continentes diferentes pode dever-se às alterações climáticas, que obrigam o fungo a evoluir a uma temperatura semelhante à do corpo humano.
Resistência à medicação
Os testes mostram que a resistência a equinocandinas, medicamentos anti-fungais usados no início dos tratamentos, está a aumentar.
Antes de 2020, apenas seis pessoas tiveram infecções resistentes às equinocandinas e quatro outras tiveram infecções resistentes a todas as três classes de medicamentos anti-fungais. Só em 2021, já foram 19 casos de resistência a equinocandinas e sete de resistência a todos os medicamentos anti-fungais.
A subida destes casos é “preocupante”, segundo o microbiólogo Arturo Casadevall. “É preocupante porque o que o estudo nos diz pode ser um prenúncio de coisas que estão para vir“, alerta.