Parte do novo sistema de verificação foi publicada por engano. Mas a empresa sabe o que está a fazer…
Foi um dos assuntos da semana passada: a actualização das regras na Netflix, em relação às partilhas das palavras-passe.
O centro de assistência foi alterado e deixou diversos alertas sobre a verificação de quem está a ver as séries e filmes.
Destacou-se por exemplo o código de verificação de 4 dígitos, enviado por e-mail ou por SMS, quando um dispositivo tenta entrar na conta e não está em casa do titular da mesma. Esse código tem de ser introduzido no dispositivo que fez o pedido no espaço de 15 minutos.
Temporariamente, também esteve escrito nas regras que os utilizadores têm de se ligar à rede wi-fi do local principal pelo menos uma vez por mês. E depois terão liberdade para ver a Netflix noutros locais, com os seus dispositivos.
Mas a empresa esclareceu entretanto que isso foi publicado por engano. No portal The Streamable, um porta-voz explicou que essa informação era somente sobre os clientes que vivem no Chile, na Costa Rica e no Peru. Essa indicação já foi retirada.
Com ou sem encontro de família ou amigos uma vez por mês, o que a Netflix está a fazer neste contexto é “muito, muito inteligente”, analisa a jornalista e escritora Minda Zetlin.
No portal Inc, Minda sugere mesmo que esta estratégia é uma “masterclass sobre dar más notícias”.
E explica porquê: ao deixar estes avisos com muito tempo de antecedência (que na verdade ninguém sabe ao certo quando serão aplicadas), primeiro, nenhuma das alterações originaram uma reacção de “revolta” generalizada, ou de milhares de cancelamentos de subscrições. Porque a nível global nada muda em concreto, para já.
Depois, está já a antecipar-se muito – e propositadamente – para, assim, quando chegar o momento das alterações, nessa altura tudo já vai soar a notícias velhas, do género “Sim, já sabia disso”.
São mudanças “às prestações”, quase em ritmo lento. “Tudo isto é uma táctica incrivelmente inteligente, por parte de uma empresa incrivelmente inteligente”, escreve a especialista.
Minda Zetlin admite que haverá utilizadores a preferir assinar por outra empresa concorrente, outros simplesmente cancelarão a Netflix – mas “não veremos grandes números de pessoas a desistir em forma de protesto porque, na altura, o cansaço já estará instalado”.
E há outro aspecto a ter em conta: as viagens. A Netflix avisa que, se o cliente estiver fora de casa durante um “período prolongado”, poderá ter de verificar o seu dispositivo. Mas “período prolongado” é quanto? Ninguém sabe. Ou seja, a empresa está avisa que algo vai mudar mas, ao mesmo tempo, não há um número concreto para ser contestado.
Para fechar, Minda deixa uma sugestão a quem tem clientes: “Se tiveres de fazer mudanças que os clientes vão odiar, espreita o manual da Netflix. Avisa as pessoas com bastante antecedência, mas não especifiques o tempo, os detalhes ou como isso pode afectá-las. Deixa escorrer lentamente e mantém os teus anúncios o mais vago possível. Isso vai facilitar se for preciso ajustar algo, ou mudar completamente o plano se as coisas não correrem como estava previsto”.