Dois cirurgiões do Amadora-Sintra denunciaram à Ordem dos Médicos que 22 doentes operados no hospital “morreram ou ficaram mutilados” por más práticas da equipa cirúrgica.
O Expresso avança que, do total, 17 casos remontam ao ano passado e foram comunicados à direção do Amadora-Sintra no início de outubro. Os outros cinco casos foram comunicados no final de novembro. A denúncia à Ordem dos Médicos foi feita em dezembro.
No email da denúncia enviado à Ordem, um dos médicos escreve que “existem situações de prejuízo de vida e qualidade de vida graves, com mortalidade e mutilações desnecessárias, evitáveis, que resultam de uma prestação de cuidados ao doente cirúrgico que não coincide com a legis artis“.
A queixa não incide sobre um médico em particular, “mas sim numa situação sistémica”.
O outro cirurgião do Amadora-Sintra fala também de outras situações de suposta negligência, ainda que “de gravidade significativamente menor”. O médico menciona “doentes ‘perdidos’ no serviço, avaliados por jovens médicos voluntariosos, mas inexperientes, que, embora estejam a dar o seu melhor, pouco ou nada são corrigidos ou orientados”.
“A mortalidade não esperada não pode ser entendida como consequência óbvia do quadro clínico e uma fatalidade da responsabilidade do doente ou do equipamento utilizado, mas antes a consequência das opções de quem assume e define a estratégia em cada momento”, escreve o denunciante.
O Expresso teve acesso a alguns dos casos que sustentam as denúncias. Por exemplo, houve um paciente com cerca de 60 anos operado ao baço sem ter indicação para a cirurgia programada e que morreu “exsanguinado, com perto de 15 transfusões”, logo após a intervenção.
O semanário refere ainda outro caso, de um doente com quase 60 anos, operado ao pâncreas por suspeitas de um tumor que não existia. O paciente ficou “em internamento prolongado, com complicações e nova cirurgia”.
Há inclusive várias as situações de doentes submetidos a cirurgia oncológica que acaba por revelar que não tinham cancro. É até referido um “doente que fez radioterapia e não tinha tumor”, escreve o Expresso, citando a denúncia dos cirurgiões do Amadora-Sintra.
Ao semanário, a administração do Amadora-Sintra confirma ter recebido a denúncia e garante que “de imediato deliberou a abertura de um processo de inquérito para o apuramento dos factos e eventuais responsabilidades”.
A Ordem dos Médicos mantém o silêncio sobre este caso, enquanto a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde diz que abriu “um processo de natureza disciplinar para apurar os factos e aguarda resultados das investigações realizadas”.
O inquérito preliminar aos primeiros dez casos revela que “não houve violação da legis artis“.
As leges artis são métodos e procedimentos, comprovados pela ciência médica, que dão corpo a standards contextualizados de atuação, aplicáveis aos diferentes casos clínicos.
Continua de gatas o SNS. Este novo ministro da Saúde é o maior fiasco. Só tem lérias de língua enrolada. Daqui a dois anos, 80% da população já estará com seguros (muito acessíveis) de saúde no privado. Nessa altura o SNS será apenas uma pequena réplica da dimensão que já teve. Será o “Litle SNS”.