Quando pensamos no Tyrannosaurus Rex, a primeira imagem que surge será, certamente, uma criatura a rugir, ao mesmo tempo que destrói árvores ou devora presas.
No entanto, uma imagem muito mais distinta pode envolver o dinossauro — algo que passará pelo terópode a utilizar cuidadosamente um garfo com o qual abre uma carcaça ou a interagir pacificamente com os seus amigos.
Não de forma tão elegante, na verdade. Mas uma nova pesquisa da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos da América, aponta que os T. Rex podem ter tido o mesmo número de neurónios cerebrais que os primatas modernos. Se fosse este o caso, teria sido capaz de resolver problemas, criar ferramentas para usar e mesmo envolver-se em comportamentos culturais.
Historicamente, sabemos que o Tyrannosaurus rex era uma espécie de dinossauro consumidora de carne, semelhante a uma ave, tendo vivido entre 68-66 milhões de anos atrás, no que é hoje o lado ocidental da América do Norte. Os indivíduos da espécie podiam atingir até 12 metros de comprimento e 4 metros de altura — com os arqueólogos a recolherem 50 espécimes fossilizados até à data.
Os dinossauros governaram a Terra desde há cerca de 179 milhões de anos, antes de serem subitamente dizimados no evento de extinção do Cretáceo-Paleogénico, há cerca de 66 milhões de anos. Antes disso, certas espécies tinham evoluído com características semelhantes às das aves, como penas, asas, garras e crânios alargados. Este foi um processo gradual, que começou há 100 milhões de anos.
Pensa-se que o pequeno tamanho do corpo de algumas destas espécies foi o que as ajudou a fugir à extinção, e permitiu que evoluíssem para aves modernas. Como os tecidos moles dos dinossauros raramente são preservados nos fósseis, pouco se sabe definitivamente sobre os seus cérebros. No entanto, como são conhecidos por estarem relacionados com as aves, a informação sobre elas poderia ser retirada dos cérebros das atuais emas e avestruzes.
Para o estudo, publicado no The Journal Of Comparative Neurology, Suzana Herculano-Houzel pretendia descobrir as capacidades cognitivas de dinossauros como o T. Rex, olhando para os cérebros dos sauropsídeos modernos — aves, tartarugas e répteis escamosos, descreve o Daily Mail.
Alguns estudos recentes revelaram que, apesar das suas pequenas cabeças, as aves são inteligentes. Constatou-se que as aves têm mais neurónios por onça de cérebro em comparação com os mamíferos e primatas, dando-lhes a capacidade de resolver problemas.
Herculano-Houzel estudou os crânios fossilizados dos terópodes — um grupo de dinossauros bípedes que inclui o T. Rex — e os saurópodes existentes, utilizando tomografias computorizadas.
A investigadora deduziu que os dinossauros teriam tido uma massa cerebral semelhante a aves do mesmo tamanho, que pode ser rastreada até aos tempos préasteróides. Portanto, a neurocientista poderia fazer suposições sobre o cérebro do T. Rex escalando o de uma emu, avestruz ou galinha, uma vez que são proporcionais. Em seguida, calculou quantos neurónios os terópodes teriam tido usando o número e a massa cerebral que se sabe serem detidos pelos sauropsídios.
As suas descobertas sugerem que T. Rex teria tido uma massa cerebral de 343 gramas e 3.289.000.000 neurónios telencéfalos, não muito longe dos 2.875.000.000 encontrados em babuínos.
Um outro estudo, também da autoria de Herculano-Houzel, concluiu que o número de neurónios em animais de sangue quente está correlacionado com a sua esperança de vida através de uma equação matemática. Usando esta equação, ela sugere que o T. Rex teria vivido entre 42 e 49 anos, apesar de o mais antigo espécime conhecido ter vivido até 28 anos.
As presentes descobertas convidam à especulação de que dinossauros terópodes como o T. Rex, com ainda mais neurónios telencéfalos do que os corvídeos modernos que utilizam e fabricam ferramentas, tinham a capacidade biológica de utilizar e fabricar ferramentas, e desenvolver uma cultura, como as aves e primatas modernos“.