Passageiros queixam-se de atrasos praticamente todos os dias. Mas empresa aponta para pontualidade próxima dos 90%.
“Pronto, o comboio está atrasado hoje. Já ontem foi a mesma coisa”.
“Vou ter que ligar para a empresa, já vou chegar atrasada, o comboio ainda não chegou”.
Estas frases, se não são diárias, são quase, em Portugal. Quem anda todos os dias de comboio apercebe-se de que, muitas vezes, o comboio não chega no minuto previsto nos horários.
Por vezes é um atraso de um ou dois minutos, ou de cinco ou 10 minutos – que já pode fazer uma grande diferença.
Mas, noutras situações, como o ZAP verificou há pouco tempo, podemos cruzar-nos com um atraso de 90 minutos (comboio de longa distância, no caso).
Em princípio, circular em comboios é sinónimo de evitar trânsito. E, por isso, seria sinónimo de evitar atrasos.
Mas não é bem assim, como comprovam centenas de milhares de portugueses que entram nos 1.340 comboios de passageiros que circulam de segunda a sexta-feira, ao longo de 2.221 quilómetros.
A CP – Comboios de Portugal explicou ao ZAP que há diversos motivos para os atrasos verificados.
Nos últimos anos têm-se destacado sete factores principais. O primeiro são obras. As conhecidas intervenções na infraestrutura ferroviária em Portugal, quer na modernização, quer na sinalização ou manutenção. Alguns troços ficam mesmo cortados, originando transbordos rodoviários temporários. Há uma página sobre essas alterações de tráfego.
Outro motivo está relacionado com as limitações de velocidade impostas pela Infraestruturas de Portugal em alguns troços. Esses troços têm alguma via, ou estão a decorrer trabalhos. Estas limitações afectam mais os cruzamentos de comboios e os enlaces de passageiros e de material motor.
Como é lógico, também há atrasos provocados pelo clima: inundações, incêndios, obstáculos…
Outros comboios atrasam-se devido a avarias de sinalização ou de catenária (sistema de distribuição e alimentação elétrica); outros ficam com motor avariado.
Também há acidentes envolvendo pessoas (atiram-se ou aparecem na linha) e há ainda acidentes com outros veículos na via ferroviária e em passagens de nível.
E depois há que considerar que um atraso numa linha não afecta apenas o comboio seguinte, mas muitos outros comboios. Pode até afectar os horários ao longo de dias, em caso extremo.
Mesmo assim, e apesar da noção geral de atrasos frequentes, a CP informou-nos que o índice de pontualidade dos seus comboios tem subido nos últimos três anos.
Em 2019 o índice era de 82,2%, há dois anos subiu para 86,1% e, no ano passado, 87,3% dos comboios CP cumpriram o horário previsto.
Se for efectuada uma investigação, quem está à frente dos Caminhos-de-Ferro Portugueses (CP) vai ter muita dificuldade em justificar as causas apresentadas para os atrasos dos comboios. O que estão a fazer nas Estações da Aguda e Granja é crime.