A pandemia não trouxe mudanças na divisão dos cuidados dos filhos entre pais e mães na União Europeia, mas sobrecarregou ainda mais as mulheres com as tarefas domésticas.
Um novo inquérito do Instituto Europeu da Igualdade de Género procurou apurar como é feita a divisão de tarefas relacionadas com a família e o lar, antes e durante a pandemia. 42 300 pessoas entre os 20 e 64 anos responderam, com uma amostra representativa de cada estado-membro da União Europeia.
Os resultados mostram que a pandemia não causou nenhuma revolução na divisão dos cuidados com as crianças ou com adultos dependentes, que continuaram a ser feitos maioritariamente pelas mulheres, relata o Público.
Portugal é o país onde há uma maior paridade de género quando se trata de se passar uma hora por dia a cuidar dos filhos. No entanto, quando se fala de quatro horas ou mais, Portugal passa do líder na paridade para o líder da disparidade.
A média da União Europeia mostra que 40% das mulheres e 21% dos homens com filhos ou netos com menos de 12 anos gastam quatro ou mais horas por dia a cuidar deles — Portugal e Alemanha registam a maior disparidade de género, com cerca de 30 pontos.
Em Portugal, 50% das mulheres passam diariamente quatro horas com os filhos, em contraste com apenas 20% dos homens. Os países mais igualitários são o Chipre, Finlândia e Malta registam a menor disparidade por género, de 24 pontos.
A disparidade não é só na quantidade de tempo, mas também naquilo que se faz com ele. O mais recente estudo nacional sobre o uso do tempo, datado de 2015/16, revela que as mulheres dedicam-se mais a cuidados físicos das crianças, como dar de comer ou dar banho, enquanto que os homens passavam mais tempo em atividades lúdicas, como brincar ou conversar com os filhos. As mulheres (55%) também dão mais apoio escolar às crianças do que os homens (27%).
Em relação à divisão de tarefas domésticas, a pandemia aumentou a desigualdade. A percentagem de mulheres que dedicam entre uma e quatro horas por dia às tarefas aumentou de 18% para 20%, enquanto que a percentagem de homens passou de 11% para 12%.
Neste parâmetro, Portugal fica atrás da média da União Europeia, com 35% das mulheres e 18% dos homens a despenderem entre uma e quatro horas.
