Apesar de terem sido como água e azeite no passado, Marcelo e os passistas querem Pedro Passos Coelho na corrida a Belém para travar Gouveia e Melo. António Costa é decisivo numa possível promoção do almirante a Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas.
O tiro de arranque à corrida a Belém ainda nem foi ouvido, mas isso não impede que haja muita especulação sobre os potenciais candidatos. Do lado do PS, o candidato predilecto parece ser Augusto Santos Silva, já o almirante Henrique Gouveia e Melo continua a ser uma das opções preferidas dos portugueses nas sondagens.
Depois de a sua liderança do grupo que coordenou o processo de vacinação contra a covid-19 o ter catapultado para as luzes da ribalta, a sua popularidade tornou-se inquestionável e logo começou a ser bombardeado com perguntas sobre se tinha ambições políticas, especialmente se tinha Belém na mira.
Inicialmente, Gouveia e Melo descartou várias vezes essa hipótese chegando até a dizer que acha que “daria um péssimo político” e que se deve “separar o que é militar do que é político”.
No entanto, aos poucos, o ressonante “não” foi-se transformando num “nim”, com o militar a afirmar que “nunca se deve dizer que dessa água não beberei” e a deixar a porta aberta à possibilidade de vir a ser Ministro do Mar ou Presidente da República.
Já há muito que se especula que a ideia de ter Gouveia e Melo em Belém não agrada a algumas grandes figuras políticas e que este até terá sido um dos motivos para a polémica em torno da sua nomeação para o cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), que levou à exoneração do anterior CEMA, Mendes Calado, e à desautorização pública de Marcelo ao Governo, com a reversão da decisão.
A ideia seria promover Gouveia e Melo enquanto este ainda cumpria os requisitos de idade para ocupar o cargo e assim tentar dissuádi-lo de uma aventura pela política.
Já em Junho, o Nascer do Sol avançou que em Belém, há cinco nomes que surgem como potenciais candidatos a suceder a Marcelo Rebelo de Sousa: Marques Mendes, Paulo Portas e Gouveia e Melo à direita, e António Costa e Augusto Santos Silva à esquerda.
Segundo o jornal, o chefe de Estado “está preocupado que um ‘populista’ como o almirante Gouveia e Melo possa dividir a direita nas presidenciais, contribuindo assim para uma vitória de António Costa ou Augusto Santos Silva”.
Marcelo prefere Passos Coelho
Agora, é o Expresso que volta a trazer o assunto à baila. De acordo com o semanário, os recentes elogios de Marcelo a Passos Coelho têm um objectivo velado – tentar trazer o ex-primeiro-ministro para a vida política e chutar com Gouveia e Melo para canto. “Sendo tão novo [Pedro Passos Coelho], o país pode esperar, deve esperar muito ainda do seu contributo no futuro, não tenho dúvidas”, afirmou.
“O país deve, num período muito difícil de crise na troika, ao primeiro-ministro Passos Coelho, uma resistência, que ainda há dois dias pude ouvir ser elogiada pela boca da então chanceler Angel Merkel. Portanto, é reconhecida cá dentro e reconhecida lá fora, é um facto”, disse ainda Marcelo.
O historial entre as duas figuras não é dos melhores, dado que Pedro Passos Coelho tentou travar a candidatura de Marcelo à presidência com uma moção no Congresso do PSD. No entanto, tal como diz o provérbio, o inimigo do meu inimigo meu amigo é, e os passistas e Marcelo têm um objectivo em comum – travar Gouveia e Melo.
Para os passistas, a popularidade de Gouveia e Melo traz muitas dores de cabeça e ameaça ofuscar uma candidatura de Passos Coelho, para Marcelo, deixar um militar chegar a Belém seria um pesadelo.
“A mudança de um civil para um militar na chefia do Estado seria uma coisa tão singular no quadro europeu, que tem que ser acautelada. Seria um regime diferente”, revela um fonte de Belém ao Expresso, que acredita que “o ar dos tempos que estamos a viver”, com uma tendência de maior radicalização na política, reforça a necessidade de “evitar um legado desses”.
Para Marcelo, ter Gouveia e Melo como seu sucessor também daria força aos seus críticos que o acusam de ter uma postura demasiado “soft”. Já Passos Coelho será o melhor colocado para bater o almirante na corrida.
Em reacção à notícia de que o antigo primeiro-ministro dispensou as suas declarações elogiosas, o Presidente da República não recuou: “É a minha opinião como Presidente, dizendo em voz alta o que muitos portugueses pensam. Eu falei para dizer que o país lhe deve, porque deve mesmo, aquilo que fez durante a troika e que é um ativo político importante para o futuro”.
Aliança improvável
Já ontem, em entrevista ao Público, foi a vez de o passista e ex-Ministro Miguel Relvas ter reforçado que acha que é “não é preciso ir buscar militares (para as presidenciais)”.
“É bom sinal que o PSD tenha mais do que um candidato. Acho que não é preciso ir buscar militares. Estou no Brasil que é um país onde se meteu demasiado os militares na política e isso é mau”, afirma, acrescentando ainda que “paga-se um preço, que é o aparecimento de um discurso populista”.
As sondagens mostram que os passistas têm de dar à perna se quiserem apanhar Gouveia e Melo na corrida. Na última sondagem ICS/ISCTE para o Expresso e a SIC, publicada a 29 de setembro, Gouveia e Melo não só liderava as intenções de voto no eleitorado em geral, como tinha um apoio muito mais transversal, apesar de ser mais favorecido pelos eleitores de direita.
Passos Coelho, em comparação, sai-se muito mal com o eleitorado à esquerda devido ao seu legado associado à austeridade e e é batido por Durão Barroso e Marques Mendes neste segmento da população.
Costa é decisivo
Se António Costa quer dar a Augusto Santos Silva as melhores hipótese de conquistar Belém, Gouveia e Melo também é um obstáculo.
A solução pode estar numa nova promoção, já que o actual CEMA está na calha para suceder ao actual Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), que será substituido nos próximos dois ano. O nome escolhido será proposto pelo Governo ao Presidente da República.
Esta promoção daria a Gouveia e Melo mais protagonismo que poderia servir como confirmação da sua competência e ser um trampolim para a sua possível candidatura a Belém. No entanto, pode ser suficiente para saciar as suas ambições e matar de vez qualquer interesse que tenha de enveredar pela política.
Usar Gouveia e Melo para baralhar as contas nos candidatos à direita e beneficiar Santos Silva também pode ser uma tentação, mas o tiro ameaça sair pela culatra.
“O primeiro-ministro vai ter que decidir e há aqui um dilema. Se lhe dá peso no campo militar pode satisfazê-lo e com isso conseguir travá-lo de se meter na política, deixando campo livre para o PS avançar com o seu candidato. Mas se ele usasse o cargo de CEMGFA como trampolim para Belém seria um desastre”, revelam fontes próximas da presidência.
Grande novela… e isto sem o almirante dizer nada!…
Haja imaginação e não faltam “notícias”!…
De que é que eles têm medo?
Os piores Políticos da direita como Candidatos à Presidência? Vamos de mal a pior.
Gouveia e Melo demonstrou ser um HOMEM reto e isento e é deste tipo de pessoas que o país precisa.
Concordo em Absoluto. Gouveia e Melo demonstrou ser o HOMEM que Portugal Precisa, Deus queira que se candidate, votarei nele, sem dúvida. Este Presidente da República tornou-se num pesadelo para a nossa imagem lá fora. Sinceramente, o disparate é tanto que me leva a pensar que o Senhor Presidente já não está capaz.
Quanto a dever muito a Passos Coelho, é mais um jogo de bastidores para levar o PSD ao colo, porque, francamente, se há 1º ministro que me nauseia é Passos Coelho. Dissimulado, incompetente, e pior –, não lhe conheço uma ideia sequer que mereça debate.
Por tudo isto, se o Senhor Presidente da República acha que lhe deve muito que lhe pague, eu não lhe devo nada, pelo contrário, ele é que me deve a mim e a muitos milhões de Portugueses.
Haja paciência (..)
O Tino também é reto e isento… e calceteiro. Sempre poupamos algum na manutenção do palácio de Belém e dos passeios ali da zona.
A melhor forma de ser recordado com saudade e apreço
O problema é mesmo esse, ele ser um homem reto e isento, isso torma o um alvo a abater, não se pode esperar outra coisa num país de ladroes e corruptos
Quando afirma que o nosso País é de ladrões e corruptos, está a fazer o seu juízo por si, por seus conhecidos amigos de quem o rodeia, eu por exemplo não tenho a sua opinião, porque não é essa gente que me rodeia, dos meus queridos amigos, familiares, próximos.
Quanto ao IL o problema foi criar a ideia de ser um Partido Liberal, não sendo Liberal,nem fazendo a mais pequena ideia do que é o liberalismo, levou a que as pessoas que gostavam de experimentar um sistema liberal a ficar desiludidas, confusas, e desmotivadas, constatando que o IL se limita a contestação tal como todos os outros partidos, liberal não é ser por sistema contra o governo, não é perseguidor dos governantes, nunca pode confundir os princípios equiparados ao BE PCP e até o Chega, não é compatível defender o liberalismo e alinhar políticas com partidos que defende ditaduras.