
Estatueta ushabti encontrada no local isentava o ocupante do túmulo de trabalhos forçados no além.
Vibrante, musical e espiritual centro urbano tem cerca de 2500 anos e foi agora “desenterrado” no Delta do Nilo. Alexandre, o Grande parece ter mudado as rotinas religiosas da antiga cidade.
Uma cidade egípcia perdida terá sido recentemente descoberta durante escavações no Delta do Nilo, onde foram encontradas casas-torre e um edifício cerimonial dedicado a Wadget, a deusa do Baixo Egito cujo nome significa “A Verde” — a cor das serpentes.
A zona recentemente revelada será mesmo a antiga cidade de Imet, que terá sido construída durante o Período Tardio do Egito (c. 664 a 332 a.C.), antes da conquista de Alexandre, o Grande, e da dinastia ptolomaica macedónica, conhecida por ter presenciado a soberania de Cleópatra.
“Imet está a emergir como um sítio-chave para repensar a arqueologia do Egito do Período Tardio”, disse, em comunicado, o egiptólogo Nicky Nielsen, professor sénior de Egiptologia em Manchester que liderou a escavação.
As novas descobertas só foram reveladas graças a imagens de satélite de alta resolução, que revelaram aglomerados de tijolos de adobe (terra crua, água e palha e, por vezes, outras fibras) que sugeriam a presença de enormes estruturas residenciais.
“A sua presença aqui demonstra que Imet era uma cidade próspera e densamente construída, com uma infraestrutura urbana complexa”, avançou Nielsen.
Na antiga Imet, em Tell Nebesha, onde as escavações começaram há 200 anos, foram encontradas mais casas-torre, “raras noutras partes do Egito”, o que apontou para a criação de uma resposta arquitetónica ao crescimento populacional e uma organização urbana avançada social e economicamente.
A equipa internacional também encontrou zonas pavimentadas destinadas à moagem de cereais e celeiros. Mas foi um edifício de grandes dimensões, com chão em gesso de calcário e pilares gigantescos que mais surpreendeu os arqueólogos. Estava na antiga estrada processional que levava ao templo de Wadjet, a deusa protetora do Baixo Egito, tradicionalmente representada como uma serpente alada ou uma mulher com cabeça de cobra.
No entanto, o local terá sido abandonado aquando da derrota do império, às mãos dos gregos macedónios liderados por Alexandre, o Grande, e as rotinas religiosas sofreram mudanças drásticas. Até lá, era a deusa cobra quem protegia esta comunidade.
Entre os artefactos encontrados nas ruínas, a equipa destaca um ushabti em faiança verde do século VII a.C., uma estela com o deus Harpócrates e símbolos protetores e um instrumento musical associado à deusa Hathor, símbolo da alegria e da música. Segundo a BBC, foi também encontrada uma panela com restos de guisado de peixe, preparado no século IV a.C.