O sistema binário Wolf-Rayet 140 gerou um conjunto de 17 anéis de pó concêntrico, a milhares de anos-luz, e o James Webb obteve uma imagem.
Os astrónomos conseguiram uma imagem marcante de 17 anéis de pó concêntricos que se assemelham a uma “impressão digital cósmica”, nas últimas observações do telescópio espacial James Webb, relata a NASA.
A formação foi criada pela interação de duas estrelas gigantes, conhecidas como o binário Wolf-Rayet 140 (WR140), a mais de 5.000 anos-luz da Terra.
Os anéis são criados a cada oito anos, quando as estrelas passam próximas uma da outra, na sua órbita alongada. Durante a aproximação, os ventos solares das estrelas colidem, fazendo com que o fluxo de gás das estrelas seja comprimido em pó.
“Como um relógio, o WR140 sopra um anel de fumo esculpido de oito em oito anos, que depois é insuflado no vento estelar como um balão”, explica Peter Tuthill, do Instituto de Astronomia de Sydney da Universidade de Sydney.
“Oito anos depois, quando o binário regressa à sua órbita, surge outro anel, o mesmo que o anterior, que corre para o espaço dentro da bolha do anterior, como um conjunto de bonecas russas gigantescas“, acrescenta, citado pelo The Guardian.
A estrutura de 17 anéis foi gerada ao longo de cerca de 130 anos e abrange uma região de espaço maior do que o nosso próprio sistema solar.
O binário WR140 é composto por uma enorme estrela Wolf-Rayet e uma supergiante azul ainda maior. Uma Wolf-Rayet nasce com pelo menos 25 vezes mais massa do que o nosso Sol e é uma estrela que se aproxima do fim do seu ciclo de vida.
Mais quente que na sua juventude, uma estrela Wolf-Rayet gera ventos poderosos que empurram enormes quantidades de gás para o espaço — pensa-se que a que está neste binário tenha perdido pelo menos metade da sua massa original já.
À medida que o carbono e elementos pesados são soprados para o espaço, são comprimidos no limite onde os ventos de ambas as estrelas se encontram.
“O vento da outra estrela varre o gás e já se tem material suficiente para condensar em pó”, realça Olivia Jones, do UK Astronomy Technology Centre, e co-autora do estudo publicado hoje, a 12 de outubro, na Nature Astronomy.
“Esta não só é uma imagem espetacular como este raro fenómeno revela novas provas sobre a poeira cósmica e como pode sobreviver nos ambientes espaciais mais complicados”, acrescenta Jones.
A astrónoma admite que estas observações podem fornecer novos conhecimentos sobre a forma como a primeira geração de estrelas semeou o seu ambiente com poeira e gás, que depois levou às gerações seguintes do universo primitivo.