ECDC alerta que epidemia de gripe das aves é a maior de sempre na Europa

Época epidémica de 2021-2022 inclui um total de 2.467 surtos em aves de capoeira e 3.573 casos de gripe aviária de alta patogenicidade em aves selvagens.

A época epidémica de 2021-2022 de gripe aviária é a maior de sempre na Europa, com uma extensão geográfica inédita a 37 países, incluindo Portugal, alertou esta segunda-feira o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC).

Dados divulgados esta segunda-feira pelo centro europeu indicam que a época de gripe aviária de alta patogenicidade é a “maior observada na Europa“, com um total de 2.467 surtos em aves de capoeira, 48 milhões de aves abatidas nos estabelecimentos afetados e 187 deteções em aves de cativeiro.

Além disso, foram registados 3.573 casos de gripe aviária de alta patogenicidade em aves selvagens, avança ainda o relatório da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA, na sigla em inglês) e do ECDC.

A agência europeia alerta que, para além do número de casos registados, a “extensão geográfica do surto é inédita”, tendo em conta que vai desde as ilhas Svalbard, um arquipélago no Ártico que pertence à Noruega, até ao sul de Portugal e ao leste à Ucrânia, afetando 37 países da Europa.

“Apesar do número excecionalmente grande de casos recentemente detetados em aves, bem como de numerosos eventos de transmissão de gripe aviária a diferentes espécies de mamíferos, não foi observada qualquer transmissão humana na União Europeia e no Espaço Económico Europeu (UE/EEE) nos últimos anos”, adiantou o ECDC.

O centro europeu avança que, a nível mundial, apenas foi reportado um pequeno número de infeções humanas assintomáticas ou com sintomas leves, o que faz com que o “risco global para a população permaneça em níveis baixos, mas ligeiramente superior para as pessoas com profissões que estão diretamente expostas a aves infetadas”.

De acordo com o ECDC, os vírus da gripe que circulam em espécies animais, como porcos ou aves, podem infetar esporadicamente os seres humanos e apresentam um potencial de afetar severamente a saúde pública.

O ECDC exemplifica com as epidemias da gripe aviária H5N1 no Egito ou H7N9 na China, ou a pandemia de gripe h1N1 de 2009 causada por um vírus que se transmitiu inicialmente de porcos para seres humanos.

“É vital que os médicos, peritos de laboratório e especialistas em saúde, tanto nos setores animal como humano, colaborem e mantenham uma abordagem coordenada. É necessária vigilância para identificar as infeções com vírus da gripe o mais cedo possível”, salienta Andrea Ammon, diretora do ECDC.

As novas orientações divulgadas esta segunda-feira pelo ECDC sublinham a importância da adoção de medidas de segurança e saúde nos locais de trabalho onde não é possível evitar o contacto com animais, que devem ser reforçadas nas situações em que a gripe zoonótica nos animais foi identificada.

Além disso, as explorações de aves devem rever periodicamente a sua avaliação de risco e assegurar que são tomadas todas as medidas técnicas, organizativas, de manutenção e de higiene necessárias para prevenir a infeção dos trabalhadores.

De acordo com as orientações, os profissionais de saúde pública devem também estar alerta para a necessidade de testar casos de possível infeção em pessoas com doenças respiratórias e exposição recente a animais potencialmente infetados.

“Os testes para a gripe zoonótica também devem ser considerados em doentes com doença respiratória aguda grave de origem desconhecida, bem como em doentes graves com exposição animal prévia”, adianta o ECDC.

No final de agosto, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) adiantou que Portugal contava, nessa altura, com 25 focos de infeção pela gripe aviária.

O primeiro foco de gripe aviária foi detetado em 30 de novembro de 2021, numa capoeira doméstica no distrito de Setúbal, e desde então e até 29 de agosto, foram confirmados 25 focos de infeção pela gripe das aves de alta patogenicidade.

Desses focos, 17 foram detetados em aves domésticas, incluindo explorações comerciais de perus, galinhas e patos, uma coleção privada de aves, capoeiras domésticas e aves em parque urbano. Somaram-se ainda oito em aves selvagens.

// Lusa

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