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Portugueses mais atingidos pela crise já admitem fazer cedências à Rússia

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Atef Safadi / EPA

A sondagem do ICS/ISCTE, para o Expresso e SIC, revela que os portugueses mais atingidos pela crise já admitem ceder à Rússia para acabar com a guerra.

Um estudo publicado em março pelo Jacques Delors Centre, do economista Nils Redeker, concluiu que, face ao impacto pequeno do comércio com a Rússia na economia nacional, Portugal era um dos países da União Europeia que menos devia sofrer com o conflito na Ucrânia e as consequentes sanções impostas a Moscovo.

A realidade é que, sete meses depois da invasão russa à Ucrânia, todos os portugueses estão a sentir as consequências da atual conjuntura. Desde as famílias às empresas, ninguém poderá dizer que não sentiu os efeitos da inflação galopante.

A mais recente sondagem do ICS/ISCTE, realizada para o Expresso e SIC, revela o desespero que alguns portugueses já sentem. Quase um terço dos inquiridos (32%) assume que “seria melhor que a guerra terminasse o mais depressa possível, mesmo que isso implique ceder às exigências da Rússia e as suas consequências”.

“Seria melhor que a Ucrânia continuasse a resistir à Rússia, mesmo que isso implique prolongar a guerra e as suas consequências”, em contrapartida, foi a opinião de 54% dos portugueses.

Ao focar apenas naqueles que consideram ser “muito difícil viver” com o seu rendimento atual, nota-se um claro desgaste em relação à guerra. A maioria desta fatia de portugueses — que equivale a 15% dos inquiridos da sondagem — preferia terminar rapidamente a guerra, mesmo que isso implicasse ceder às exigências russas.

Previsivelmente, o apoio à Ucrânia é esmagador entre os que dizem que “dá para viver” ou que vivem de forma “confortável” com os atuais rendimentos, revela a sondagem.

Maioria dos portugueses já corta em bens essenciais

A sondagem realizada pelo ICS/ISCTE revelou ainda que a maioria dos portugueses não só já faz cortes em lazer, como também em bens essenciais.

Os dados mostram que 72% dos portugueses dizem ter lidado com o aumento de preços evitando “despesas com atividades de lazer, tais como pas­seios, refeições fora de casa, hobbies, cinema ou espetáculos”.

Em muitos casos, os cortes em lazer não chegaram para fazer frente à situação atual: 62% dos inquiridos diz ter “diminuído o uso de eletricidade, gás e/ou água em casa”. Este fenómeno tem-se verificado não só nos portugueses que têm dificuldades em viver com os seus rendimentos, mas também naqueles que assumem viver de forma confortável ou satisfatória.

Há ainda quem vá mais longe: 37% dos portugueses inquiridos diz ter já reduzido o “consumo de alguns produtos de necessidade”. Além disso, 19% afirma ter cortado “em despesas de saúde, tais como consultas ou medicamentos”.

A sondagem espelha ainda a preocupação dos portugueses relativamente à capacidade de conseguir pagar algumas contas de primeira necessidade. Cerca de dois terços dos inquiridos dizem-se “muito” ou “algo” preocupados com a possibilidade de deixarem de conseguir pagar as contas de luz, água ou gás.

Paralelamente, 57% exprimem o mesmo grau de preocupação “de conseguir pagar a renda ou a prestação da casa”.

Pensionistas são os menos desagradados com ajudas do Governo

Mais de um terço dos portugueses não gostaram das medidas anti-inflação apresentadas por António Costa, escreve o Expresso, com base nos dados da sondagem.

Apenas 18% dos portugueses veem de forma positiva o pacote apresentado pelo Governo, em comparação com os 36% que consideram as medidas “más” ou “muito más”.

Ainda assim, o pacote “Famílias Primeiro” acaba por ser visto como neutro para 41% dos inquiridos, realça o semanário.

Apenas 19% dos que se declaram simpatizantes do PS dão nota negativa às medidas — uma enorme diferença relativamente aos 56% de simpatizantes do PSD insatisfeitos.

De todos, os pensionistas são aqueles que aparentam estar menos insatisfeitos. Os reformados insatisfeitos com o pacote de medidas são 32%, quatro pontos abaixo da média e seis pontos abaixo dos que estão em idade laboral.

Daniel Costa, ZAP //

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15 Comments

  1. Isto é tudo muito lindo mas na verdade as pessoas não são tão bem intencionadas como se pensa. É o salve-se quem puder e que f$%& o próximo. Tristeza do carvalho…

  2. “Portugal era um dos países da União Europeia que menos devia sofrer com o conflito na Ucrânia e as consequentes sanções impostas a Moscovo.

    A realidade é que, sete meses depois da invasão russa à Ucrânia, todos os portugueses estão a sentir as consequências da atual conjuntura. Desde as famílias às empresas, ninguém poderá dizer que não sentiu os efeitos da inflação galopante.”

    Logicamente se Portugal faz parte da UE, sofre igual como todos os outros (uns mais iguais que outros) !

    Mas, como estamos plantados num país com temperaturas amenas, mesmo no inverno, com toda a certeza haverão outros países que vão sofrer mais, devido à energia ou falta dela!

    Nada como voltar ao antigamente, vestir mais roupa, aceder o borralho!

    Quanto aos bens essenciais , já vem de longe, passou de raspão pelo vírus, fez vista grossa, agora desculpa-se na guerra, e, ainda não acabou, vamos ver a próxima temporada da “netflix” que novidades nos trás :/

  3. A maior parte das coisas satisfações com as medidas de apoio, têm razões de clubismo partidário, como atesta o artigo. Os Portugueses não possuem pensamento crítico isento de tendenciosismos.

  4. Se nao fosse o aproveitamento para roubar ainda mais, nomeadamente nos leilões fantasiosos de energia, estaríamos bem melhor. Com ou sem Rússia, porque nem sequer somos muito dependentes deles. Podíamos ser um pais em vantagem na Europa, mas afinal vamos só continuar a empobrecer enquanto meia dúzia enriquece anda mais obscenamente.

  5. Mas a inflação é da guerra ou do Covid-19 ? Já não havia aumento da inflação, antes da guerra começar? Alguém se anda a justificar com a guerra. Estejamos atentos.

  6. A Rússia literalmente não está a fazer nada contra nós na UE. Nada. Nem quer saber dos portugueses.
    Foi a Bruxelas que decidiu queimar-se ao vivo para protestar contra a guerra.
    Entre 2017 e 2021, a UE vendeu armas por 5 bn à Rússia que era ilegal depois de Euromajdan, porque foi estabelecido um embargo contra a venda de armas à Rússia. A Alemanha, a Itália, a França, a Chequia e a Bulgária venderam armas ilegalmente até o ano passado. E agora estão a protestar contra a guerra. .
    Agora a UE não quer comprar nem o gás nem o óleo à Rússia para enfraquecer a economia da mesma, mas de facto, o Gazprom fez um lucro que nunca antes. E a UE entretanto está a entrar na estagflação.
    Parabéns, UE!

    • Obrigado pelos Parabéns!

      Sim, somos culpados de sermos civilizados e termos acreditado que a Rússia, enquanto país e povo, também é. Fomos tontos. Patetas. Inocentes. Acreditamos que a Rússia era um país de bem, com pessoas de bem. Estávamos enganados.

      Percebido o engano, prefiro ter fome e frio do que ceder um milímetro que seja à Rússia. NEM UM MILIMETRO!!!

  7. J. Galvao, cedências, uma palavra que se começa a multiplicar pelas pessoas que desejam a PAZ, cedência nem sempre quer dizer derrota, cobardia outro epiteto negativo, os Europeus ja a alguns dias que dão sinais de cansaço, ja nao oferecem alimentos, nem outros bens como aconteceu a sete meses atras, nem sequer enviam garrafas para fabrico de cotais, porque os paises fabricantes de armas e com muitos desempregados, viram ali o negócio do seculo, claro que nao contavam o reverso da medalha e agora vindo o frio a coisa vai doer um bocado, mas voltando a cedência, e desta feita a cedência dos espaços ja conquistados, na verdade foi um cedência estratega, havia a informação de que mais de 30 mil ocidentais armados ate aos dentes iriam caminhar pela calada da noite e limpar aqueles territorios, bem na verdade, ou porque alguém adivinhou ou teve informação a CEDENCIA foi de tal forma eficaz que os ocidentais quando ali chegaram nao encontraram la soldados mas sim alguns residentes locais e a estes os + 30mil ocidentais para dar o gosto ao dedo destruíram os seus lares e os seus bens, pois tornava-se imperativo gastar as munições transportadas, criaram entao um cenário de resgate e até um cemitério ja com alguns meses mas com as cruzes fresquinhas chegadas umas horas antes dos jornalistas, para que os seus patrões aceitam-se o fiasco como um grande resgate, e assim continuem a validar os contratos dessas legiões, que desta vez ficaram a xuxar no dedo.

    • Jose Galvão não diz o que sabe nem sabe o que diz,simplesmente lamentável,esta é a conversa dos comunas apoiantes de Putin,eu prefiro passar fome e frio mas nunca ceder a um Maníaco tresloucado, até para futuro dos meus filhos e netos, e olhe que tenho uma reforma de 660€ e a minha Esposa 440€

  8. Sempre assim foi ! …. só quando a trampa lhes bate a porta é que choram por ajuda dos outros ! .. Ceder a este Maníaco Psicopata ou a qualquer outro é dar-lhes razão ! A Ucrânia não invadiu Pais nenhum contrariamente a Rússia !

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