Pela primeira vez, o Papa Francisco culpou explicitamente a Rússia pela guerra na Ucrânia. As declarações surgem após críticas de Kiev ao Vaticano.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro, o Vaticano tinha vindo a adotar uma postura que evitava condenar diretamente a Rússia pelo conflito. Agora, pela primeira vez, o Papa Francisco culpou explicitamente Moscovo pela guerra na Ucrânia.
“Quanto à guerra em larga escala na Ucrânia, iniciada pela Federação Russa, as intervenções do Santo Padre Francisco são claras e inequívocas ao condená-la como moralmente injusta, inaceitável, bárbara, sem sentido, repugnante e sacrílega”, anunciou o Vaticano, esta terça-feira.
O Expresso realça que críticos têm apontado que Francisco arriscou a sua autoridade moral ao não criticar Vladimir Putin, mantendo a política do Vaticano de não escolher lados em conflitos.
A manifestação clara da posição do Vaticano surgiu pouco tempo depois de Kiev ter-se mostrado chocada com as declarações de Francisco relativamente à morte de Darya Dugina.
Jornalista e cientista política nascida em 1992, Dugina era filha de Alexander Dugin, um ideólogo e escritor ultranacionalista que promove uma doutrina expansionista e que se apresenta como feroz defensor da ofensiva russa na Ucrânia. A própria Darya Dugina também se tinha mostrado a favor da invasão.
O Papa Francisco referiu-se à russa de 29 anos morta num ataque com uma bomba como uma vítima “inocente”.
“Os inocentes pagam pela guerra. Os inocentes! Pensemos nessa realidade e digamos uns aos outros: ‘A guerra é uma loucura'”, disse Francisco.
Em resultado, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano convocou o embaixador do Vaticano na Ucrânia para expressar “profunda deceção” quanto à posição adotada pela Igreja Católica.