Pedidos de licenciamento têm aumentado exponencialmente no norte do país.
Apesar do início de ano tímido, os últimos meses deram ao Alojamento Local o balão que muitos proprietários desejavam desde que a pandemia da covid-19 atingiu Portugal. Os números de hóspedes permanece aquém dos registado antes de março de 2020, mas o aumento dos preços (resultante da inflação, mas também da forte procura) tem funcionado como alavanca para o setor.
De acordo com o Diário de Notícias, nos primeiros meses do ano, os AL somaram 162 milhões de euros em receitas amealhadas não só em dormidas, mas também em serviços complementares pagos pelos hóspedes. Os dados avançados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística, e citados pelo mesmo jornal, dão conta de uma subida de 3,9% face ao mesmo período de 2019, sendo que se se considerar apenas as receitas resultantes do alojamento o valor sobe para 5%, cerca de 145 milhões de euros.
Este tendência é confirmada pela GuestReady, a maior gestora de AL do país, que adiantou que no mês de julho a média das receitas das mil propriedades a que está ligada em Portugal já eram 25% superiores ao mesmo período de 2019.
“A recuperação foi acentuada a partir de abril e, a partir daí, começámos bater recordes em comparação com 2019, que tinha sido o nosso ano mais forte. Setembro também estará em linha, já temos reservas que o permitem confirmar“, adiantou fonte da empresa. No entanto, têm sido efetivamente os preços os principais responsáveis pela retoma. “Não é na ocupação que se nota a melhoria, é na receita e no preço diário que se verifica uma recuperação acentuada.” Um responsável da empresa adianta ainda que as tarifas diárias subiram, em média, 30% face a 2019.
Há ainda outros fatores a considerar, como é o caso, em Lisboa, da suspensão de novos registos em 14 das 24 freguesias desde março, o que levou a uma quebra da oferta e, consequentemente, do aumento dos preços. Contrariamente, o Norte do país ganha terreno, com a atividade a crescer especialmente em zonas mais remotas, procuradas sobretudo por portugueses. Esta procura tem sido acompanhada por um aumento também nos registos de propriedades nos territórios de Bragança, Viana do Castelo ou Vila Real.
De acordo com os especialistas, o crescimento de Alojamentos Locais nestas zonas é reflexo dos dois últimos anos de pandemia, quando os portugueses procuraram destinos de férias menos frequentados e até então desconhecidos.
“O destaque está a ir para a região Norte nas cidades mais pequenas e no interior, toda a linha do Douro e Paiva. Durante a pandemia descobriram-se as zonas fora das grandes cidades e isso incentivou muitos proprietários a transformar segundas habitações ou casas de campo em AL. Na primeira vaga o mercado interno acorreu a estas regiões, depois seguiram-se os nómadas digitais e, agora, estas unidades estão disponíveis para receber turistas”, explicou Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), à mesma fonte.