Will Oliver / POOL / EPA

Tesla Chainsaw Massacre
As posições radicais do fundador e CEO da Tesla e a sua intromissão na política de vários países europeus não causou apenas a queda a pique das vendas da construtora norte-americana de veículos elétricos. Agora, deu também origem a um processo judicial em França.
Um grupo de 10 proprietários de veículos Tesla em França vai intentar uma ação judicial coletiva contra a empresa americana de veículos elétricos devido ao papel desempenhado por Elon Musk na Casa Branca e ao seu apoio à extrema-direita na Europa.
“Os proprietários não querem continuar a ser associados à Tesla nem representados por Elon Musk e pelas suas recentes posições políticas”, disse Ivan Terel, sócio da GKA, escritório de advocacia parisiense que representa os autores do processo, citado pelo Politico.
As vendas da Tesla caíram em toda a Europa depois de Musk ter discursado num comício do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) em janeiro, dizendo à multidão que era hora de a Alemanha “seguir em frente” quanto ao seu passado nazi, o que desencadeou apelos ao boicote à marca de VE.
Em novembro, após o colapso da coligação de centro-esquerda de Olaf Scholz, Elon Musk chamou tolo ao chanceler alemão e apelou ao voto na AfD. Em janeiro, apelou ao Rei Carlos III para que dissolvesse o parlamento britânico e criticou o primeiro-ministro Keir Starmer — que acusou de “proteger gangs de violadores”.
Só em França, as vendas da Tesla diminuíram 67% em maio em comparação com o mesmo mês de 2024, segundo dados do registo PFA do país. De acordo com dados da ACAP, em Portugal as vendas da Tesla caíram 36% nos primeiros cinco meses do ano e 68% em maio.
O impacto não se limita a boicotes; nos últimos meses, em vários países da Europa, grupos de vândalos atacaram concessionários da empresa, e alguns proprietários de veículos Tesla encontraram os seus carros danificados.
Entre os clientes de Terel que agora avançaram com o processo estão alguns dos proprietários cujos veículos foram vandalizados: um deles encontrou o seu veículo com uma suástica pintada na lateral, e outro com fezes humanas.
Na ação judicial, que a GKA apresentou no Tribunal Comercial de Paris esta quarta-feira, os proprietários pretendem anular os contratos de leasing dos veículos e que os seus clientes sejam reembolsados pelo custo inicial do veículo, além de outras indemnizações.
O processo judicial recorre a um artigo do código civil francês que estabelece que o vendedor de um produto deve “garantir aos clientes um uso pacífico dos bens vendidos”, explica Terel.
O tribunal comercial parisiense irá agora decidir se o caso tem mérito — e se entretanto outras pessoas podem juntar-se ao processo. Segundo Terel, vários outros proprietários de veículos marca norte-americana colocaram questões sobre o caso desde que a GKA apresentou a ação.