O dinheiro torna-nos mais felizes até ao ponto em que conseguimos assegurar as nossas necessidades básicas. A partir daí, as conclusões são variadas e há estudos que até sugerem que nos pode tornar mais infelizes.
Já diz a sabedoria popular que o dinheiro não compra a felicidade. Um novo estudo publicado na Nature Sustainability tentou descobrir a resposta a esta questão centenária.
A pesquisa concluiu que depois de termos as necessidades básicas cobertas, a relação entre o dinheiro e a felicidade já é muito mais incerta e difícil de prever. Para sobrevivermos, precisamos de coisas como comida, água, ar, sono e segurança. O nosso cérebro reconhece estas coisas como “significativas biologicamente”, e se as obtermos, notamos uma sensação uma recompensa.
Para obtermos todas estas coisas, precisamos de dinheiro. Mas isto não significa automaticamente que ter mais dinheiro se traduza em mais felicidade. Quando temos fome e comemos, chegamos a um limite onde já estamos satisfeitos e continuar a comer torna-se desconfortável. Acontece a mesma coisa com o dinheiro.
Há também o fenómeno da habituação, em que as partes fundamentais do nosso cérebro aprendem a não reagir a coisas que acontecem previsivelmente. Isto significa que coisas novas são mais recompensadoras do que coisas familiares.
Muitas vezes, acontece a mesma coisa com o dinheiro. Receber um pagamento regular é confortante, mas receber dinheiro inesperado, mesmo que seja menos, deixa-nos mais felizes, relata o Science Focus.
E quando já temos dinheiro suficiente para as necessidades básicas, a capacidade de o dinheiro nos fazer mais felizes é bastante mais reduzida. Estímulos psicológicos, como viajar, ajudar outros ou fazer novas relações, têm uma capacidade maior de nos fazer mais felizes do que o dinheiro.
A quantidade de dinheiro precisa para se ser feliz varia de pessoa para pessoa e estas diferenças são ainda mais acentuadas dependendo da cultura de cada um, o que sugere que a relação entre o dinheiro e a felicidade é tão inata como aprendida socialmente.
Até dentro da mesma cultura, os valores de cada pessoa sobre a segurança financeira podem variar drasticamente e há estudos que sugerem que há uma correlação entre ter muito dinheiro e ser mais infeliz.
As pesquisas sugerem que ser pago para se fazer algo de que gostamos pode reduzir a nossa motivação, o que reduz o potencial para a felicidade. Isto explica porque é que há pessoas que não querem transformar um passatempo num emprego.
E no caso das pessoas com muito dinheiro, são raros os casos em que esse dinheiro está parado numa conta bancária ou num cofre semelhante ao do Tio Patinhas. O mais provável é que o dinheiro esteja investido em ações ou propriedades e os riscos que estes investimentos trazem podem causar mais stress.
Os empregos mais bem pagos, como as chefias de empresas, também trazem mais encargos, o que aumenta a pressão e o stress e tira-nos tempo livre para relaxar. Nas famosas palavras do tio Ben do Homem-Aranha: com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.