Abandono de animais de companhia aumentou 38,6%, ao longo do ano passado. Mais de 43 mil animais recolhidos pelos centros municipais.
Os apelos repetem-se, incluindo em anúncios de televisão ou espalhados pelas ruas, mas o abandono de animais de companhia continua, em Portugal. E com um aumento significativo.
De acordo com o relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, em 2021 Portugal registou um aumento de 38,6% no abandono de animais.
Em média, são abandonados por dia 119 animais, com um total de 43.600 cães e gatos (entre outros) recolhidos pelos centros municipais.
A contabilidade é apresentada nesta terça-feira pelo jornal Correio da Manhã, que ouviu o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários sobre este assunto.
Há uma relação directa com a COVID-19, de acordo com Jorge Cid: “As pessoas quiseram animais durante a pandemia porque se sentiam sozinhas. Assim que passaram os confinamentos, houve perda do poder de compra e não têm condições para tratar deles, entre comida e cuidados. Então, abandonam-nos”.
A solução é educar, nunca castigar: “É essencial criar um assistente social para donos de animais. Há quem tenha problemas gravíssimos. É sempre condenável um abandono mas, se não percebermos o problema, não o travamos”.
Foram construídos 37 centros oficiais de recolha de animais, só em 2022, mas apesar desse aumento (170, no total), não há espaço “para tantos cães e gatos abandonados”, avisa Pedro Paiva, provedor dos Animais de Lisboa.
Um problema que agrava este cenário é a falta de registo dos animais (apesar de ser obrigatório), no Sistema de Informação de Animais de Companhia. Quem não tiver o chip, colocado até aos quatro meses de idade, poderá pagar uma multa de 3.740 euros.